domingo, 23 de novembro de 2014

BOAS PRÁTICAS OPERACIONAIS NO USO DE RATOEIRAS

Há certas situações onde o emprego de armadilhas e ratoeiras acaba sendo a opção mais adequada para combater uma infestação por roedores. Método ultrapassado? Nem de longe! É uma abordagem sensata quando corretamente utilizada. Por exemplo, o que faria o profissional controlador de pragas na área de produção de uma indústria alimentícia onde o emprego de raticidas não é viável (e nem permitido pela Vigilância Sanitária)? Para tais situações existem os métodos de combate através de meios mecânicos (armadilhas, ratoeiras, placas colantes e outros dispositivos). Gostaria de abordar esse tema, até para reforçar certos aspectos das boas práticas operacionais. Esses dispositivos podem, a grosso modo, serem divididos em cruentos (quando podem causar agonia antes da morte do roedor capturado) e incruentos (quando capturam ou eliminam sem causar agonia). Seja qual for o tipo de ratoeira (vamos generalizar aqui neste artigo, todos os dispositivos mecânicos sob esse título), devemos ter em mente algumas práticas para que maximizemos os resultados. O que se sabe como “cenário”? Ratos (R. norvegicus e R.rattus são bastante desconfiados de objetos novos colocados em seu território e nem sempre conseguimos capturar algum logo nos primeiros dias após a colocação do artefato. Já os camundongos (M. musculus) apresentam grande curiosidade com objetos novos em seus territórios e, assim, logramos capturá-los logo nos primeiros dias. Com isso em mente, podemos relembrar algumas boas práticas no uso de ratoeiras e outros artefatos similares. Por exemplo, devemos armazenar as ratoeiras, quando não em uso, em locais secos (sem umidade que possa favorecer o surgimento de fungos), livre de odores de inseticidas (que podem impregnar as ratoeiras, especialmente se forem de madeira) e desarmadas (para aliviar a tensão da mola); placas colantes devem permanecer em local fresco e longe de fontes de calor. Seu transporte até o local onde serão usadas deve ser em caixas, evitando o manuseio excessivo. Cada ratoeira deve ser inspecionada e testada antes de seu uso; se necessário, as partes móveis deverão ser lubrificadas com óleo mineral ou outro óleo inorgânico. As iscas de atração devem ser preparadas previamente, de acordo com a espécie a ser combatida e, é especialmente indicado o uso de iscas constituídas por alimentos que já estão sendo consumidos pelos roedores na área alvo. Aliás, uma boa tática é dispor a mesma isca nas proximidades da ratoeira assim iscada, o que poderá “conduzir” os roedores até o artefato (quando isso for possível). Boas iscas: balas de goma, presunto, bolinhas de aveia, nozes, uva passa, goiabada dura, etc. O tamanho certo da ratoeira deverá ser selecionado pela espécie alvo. As ratoeiras comuns do tipo “quebra costas” são muito eficazes contra camundongos. As de modelo gaiola podem produzir algum resultado contra os ratos. As placas colantes podem ser empregadas contra qualquer espécie; basta saber onde colocá-las. As ratoeiras devem ser dispostas nos pontos onde visivelmente percebemos que são os frequentados pelos roedores infestantes (presença de fezes e pegadas ajuda a localizá-los). Camundongos se dispersam mais, mas ratos costumam caminhar sempre junto às paredes ou objetos encostados. É nesses pontos que deveremos dispor nossas ratoeiras ou placas devidamente iscadas; evite colocá-las à vista de passantes e usuários da área. Para ajudar no direcionamento dos roedores, devemos dispor objetos que impeçam o trajeto normal induzindo os roedores a criar trilhas alternativas, onde disporemos uma ou mais ratoeira ou placa. As ratoeiras devem ser colocadas firmemente para evitar qualquer dano às mesmas e evitar sejam deslocadas pelo simples esbarrar de algum roedor. Para camundongos armar ratoeiras distanciadas de 30 cm entre si. Para ratos, a cada 60 cm. Se tivermos a impressão que os ratos já estão pulando a ratoeira, dispor três ou mais em paralelo. Cuidado com o acesso de crianças às ratoeiras. Não colocar ratoeiras acima de alimentos ou produtos que possam eventualmente entrar em contato. O número de ratoeiras colocadas na área alvo, deverá ser anotado e, sempre que possível, produzir um mapa dessas localizações para facilitar a reposição de iscas e monitoramento do trabalho. O uso de ratoeiras exige frequentes visitas (uma a cada dois dias, no máximo) para remoção de cadáveres de roedores e reiscagem. Observar a disposição final dessas carcaças que podem conter ectoparasitas (o ideal é enterrá-las). Os operadores a cargo desse trabalho devem trabalhar devidamente protegidos com luvas de borracha, aventais de plástico ou borracha e botas afim de evitar as pulgas dos roedores mortos. As ratoeiras ou placas que se mostrarem negativas, devem permanecer por um mínimo de cinco dias nos locais originais antes de serem removidas para outros pontos da área. Levando tudo isso em consideração, uma campanha contra roedores infestantes de uma dada área alvo empregando ratoeiras, armadilhas ou placas colantes, pode ser bem sucedida.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

DIAS DO BIÓLOGO E DO MÉDICO VETERINÁRIO

06 e 09 de setembro, respectivamente. E por que não abrimos espaço aqui para outras profissões? Por que somente assinalamos essas duas profissões? Simples: porque na atividade laboral do controle profissional de pragas urbanas, a maioria dos Responsáveis Técnicos adequadamente preparados e de sócios proprietários é constituída por biólogos e veterinários. Com todo o respeito que outras profissões merecem, como químicos, farmacêuticos, médicos e outros de nível técnico. De fato, com o decorrer do tempo, as empresas controladoras de pragas foram se tornando mais e mais tecnificadas, exigindo um domínio crescente de conhecimentos específicos, já que nossa sociedade tem exigido melhores resultados e, ao mesmo tempo, mais qualidade com respeito ao ambiente em que vivemos. Na formação profissional do biólogo e do veterinário, constam obrigatoriamente estudo e conhecimento de muitíssimas espécies animais, dentre as quais aquelas que consideramos pragas. Não se trata de conhecer o corpo humano, ou das reações químicas e/ou biológicas in vitro que ocorrem dentro de laboratórios ou das propriedades farmacológicas dos compostos. Falo do conhecimento (em detalhes) dos seres urbanos ditos pragas, de suas anatomias, de suas fisiologias, de suas reações frente à compostos que os combatem; falo, com ênfase, do conhecimento dos diferentes meios ambientes onde essas pragas vivem, como neles adentram, que papeis desempenham, como se adaptam e procriam. Falo também das relações que as pragas urbanas estabeleceram com os seres humanos com os quais compartilham esse mesmo meio ambiente, falo dos conhecimentos de toxicologia dos compostos utilizados para controlar essas pragas urbanas. Falo, enfim, de uma vasta gama de conhecimentos. O biólogo e o veterinário, ao receberem seus respectivos diplomas, trazem consigo essa massa de conhecimentos. Se vão utilizá-los profissionalmente, o tempo dirá. Mas, estão preparados para tanto. Por isso, junto-me às comemorações dos dias dessas duas profissões, das quais orgulhosamente faço parte!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

UM REPELENTE A MOSQUITOS DA DENGUE E OUTROS, EM JORNAL COMUM DE SRI LANKA

O principal objetivo de um jornal impresso é disseminar informações em benefício da sociedade a baixo custo, razão pela qual é um veículo de mídia muito procurado, principalmente em países não desenvolvidos ou em desenvolvimento. Não que não seja lido em países chamados do primeiro mundo; por exemplo: todo executivo que se preze em Nova Iorque leva sob o braço, um exemplar diário do Finantial Times, um jornal que traz as últimas do mundo financeiro. O poder da mídia impressa é incalculável, não importa onde seja. Ainda assim, o velho jornalzinho nosso de cada dia atrai a atenção de todas as classes sociais em todo o mundo. Feito para veicular e divulgar notícias recentes, parece que há uma novidade vinda do longínquo Sri Lanka, segundo nos conta o jornalista Vignesh Raamanda, onde as estatísticas da Organização Mundial da Saúde demonstram uma preocupante e crescente incidência da Dengue. No começo deste ano, uma forte agência de propaganda local, a Leo Burnett, começou uma parceria com o jornal Mawbima, editado no dialeto Sinhala, o mais falado do país, para participar da campanha de combate à Dengue: juntos, eles criaram o que pode ser o primeiro jornal repelente a mosquitos do mundo. O vírus da Dengue, como sabemos, é transmitido por picadas de certas espécies de mosquitos como o Aedes aegypti, que causa uma virose semelhante a um resfriado comum em humanos, mas que dependendo de certas circunstâncias, pode levar o indivíduo à morte. A Dengue ainda não tem vacina preventiva. A OMS estima que exista de 50 a 100 milhões de casos de Dengue a cada ano em todo o globo, com predominância nos países tropicais ou semi tropicais. Então, em Sri Lanka, a citada agência de propaganda e o jornal Mawbima descobriram as horas principais do dia onde os mosquitos atacavam mais (cedo pela manhã e mais no fim da tarde) e que nessas horas as pessoas liam mais os jornais. Em Sri Lanka as pessoas compram seus jornais e os leem enquanto aguardam a condução nas filas e pontos dos ônibus. Nesse período de permanência são frequentemente picadas por mosquitos. Juntando essas informações, tiveram uma ideia extremamente criativa: infundir a tinta de impressão do jornal em essência de citronela que, como sabemos, é um ótimo repelente a mosquitos e outros insetos. Dessa forma, enquanto as pessoas vão se inteirando das notícias, o odor da citronela exalado pelo jornal mantém os mosquitos afastados. O sucesso comercial da ideia foi imediato. A “novidade” foi lançada no Dia Mundial da Saúde – 7 de abril - alavancou as vendas do jornal em 30% e o número de leitores subiu em mais de 300.000. Isso significou que mais pessoas estavam sendo informadas enquanto eram protegidas da Dengue. O jornal Mawbima passou a divulgar artigos e textos sobre a Dengue. Outra ideia igualmente foi gerada através do sucesso dessa campanha: afixar posters de propaganda nos pontos de ônibus, impressos no mesmo tipo repelente de papel. Claro que, como todas as ideias novas, é preciso testá-las na prática e há ainda que estudar bem a questão do custo/benefício. Nessa ideia do jornal repelente a mosquitos, o papel utilizado teria que ser reembebido na citronela com certa frequência, pois a citronela deixa de exalar odor em poucos dias. Contudo, são problemas aparentemente que podem ser resolvidos com algum estudo técnico. E viva a criatividade!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

140.000 VISITANTES NO BLOG HIGIENE ATUAL

Vou repetir, porque nem eu estava acreditando: 140.000 pessoas visitaram nosso blog desde seu surgimento. É ou não é uma marca respeitável para um blog técnico? Tentando encontrar algumas explicações do porquê de tanto sucesso, chegamos a algumas hipóteses: talvez a necessidade de informação técnica seja muito grande sobre pragas e seus controles, bem maior do que imaginávamos. Talvez porque a facilidade de acessar aos temas seja atraente. Talvez a escolha dos temas postados satisfaça o leitor do blog. Talvez a forma e o conteúdo do blog é que seja o principal motivo para atrair essa verdadeira multidão de leitores. Talvez porque não seja um blog pretencioso ou arrogante, ou metido à cientista. Talvez porque a linguagem do blog seja simples, direta e sem muita firula. Ou, talvez, porque o blog é bom mesmo e a gente fica procurando chifre na cabeça de cavalo tentando explicar! Seja pelo que for, só podemos agradecer e muito a nossos leitores que fizeram deste blog seu principal porto de parada quando navegam pela Internet em busca de informação, o que posicionou nosso blog em absoluto primeiro lugar na lista do Google.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

MOSCAS EM BARES, RESTAURANTES, LANCHONETES E ASSEMELHADOS

Agora é inverno e não faz tanto frio assim, exceto no Sul como sempre. No resto do país, ao que tudo indica, teremos um “invernozinho meia boca”, se tanto. Mesmo assim, as moscas, se já não estão presentes, preparam um exército de moscas novas para reinvadir suas áreas alvos principais nos centros urbanos: restaurantes, refeitórios, bares, padarias, lanchonetes, quiosques de alimentação, cafeterias, docerias e assemelhados, para não falarmos de indústrias alimentícias, depósitos de alimentos, supermercados, caminhões de transporte, feiras livres, aterros sanitários e lixões a céu aberto. Territórios a serem invadidos não faltam, especialmente considerando aqueles onde as condições higiênicas são precárias, na maioria das vezes por inépcia ou incompetência de seus gestores ou ocupantes/usuários. Então, as moscas e muitos outros insetos urbanos, apenas sentam e aguardam. Mal entra a primavera e lá estarão elas zumbindo e voando por toda parte em uma brusca frenética por alimento e gerando milhões e milhões de novas moscas, incomodando muito as pessoas e espalhando bactérias diretamente nos alimentos, até mesmo quando já estão em nossos pratos. Como pode proceder uma empresa ou profissional controlador de pragas ao ser chamado para resolver um problema de infestação de moscas em um bar, uma confeitaria ou outro tipo similar de estabelecimento alimentício? Antes de tudo, vamos racionalizar o problema lembrando que as formas jovens das moscas domésticas (ovo, larvas e pupa) são encontradas em locais muito específicos onde haja um substrato orgânico semipastoso; ali, os ovos liberam a primeira larva que, se alimentando do próprio substrato, transforma-se na segunda larva e esta, crescendo de tamanho, transforma-se na larva III, para só então formar um casulo, onde a mosca pré adulta vai ser preparada. Essa fase de pupa é que se afasta da parte semipastosa do criadouro e vai liberar uma nova mosca adulta completamente formada, pronta para voar. No auge do verão, isso tudo acontece em até sete dias ou talvez um pouco mais. Nos centros urbanos, há milhares de pontos onde o acúmulo de detritos e dejetos orgânicos podem se tornar criadouros de moscas domésticas. Dessa forma, mesmo que um estabelecimento alimentício não propicie as condições para ter um criadouro de moscas em seu perímetro, poderá ser infestado por moscas originadas em criadouros das redondezas, o que dá no mesmo: clientes reclamando cheios de razão, denúncias aos serviços sanitários, perda de clientela, prejuízos. Em necessidade, finalmente o gestor daquele estabelecimento resolve chamar uma empresa controladora de pragas. Uma empresa bem estruturada é capaz de perceber que ótima oportunidade está se apresentando para engrossar seu portfolio de clientes; hoje é mosca, quem sabe amanhã podem ser baratas ou ratos. Então, uma empresa é chamada e comparece para efetuar o diagnóstico, montar uma proposta orçamentária e executar o serviço. A primeira coisa a fazer é determinar se existe dentro do perímetro do estabelecimento algum ponto onde as moscas infestantes possam estar se criando. Em caso afirmativo, esses criadouros devem ser sumariamente eliminados e condições mais higiênicas devem ser tecnicamente discutidas com o contratante. Todavia, na maioria das vezes, não há criadouros dentro do perímetro do cliente; as moscas infestantes quase sempre estão adentrando à área, vindas de algum criadouro em um raio de 500m do local. O controlador deve então buscar e certificar-se da existência ou não de pontos internos do estabelecimento onde moscas poderiam estar sendo originadas. O controlador deve procurar por pontos úmidos com substrato orgânico: sob as pias especialmente com vazamentos, nos pisos abaixo de geladeiras o de outros equipamentos produtores de frio (onde a água de condensação pode empoçar), junto às bombas de refrigerar e servir chopps e outros pontos semelhantes. Em cada ponto assim encontrado, o controlador deve examinar o substrato em busca de larvas e pupas de moscas. Em caso positivo, esses pequenos criadouros devem ser eliminados e os problemas geradores dos focos, corrigidos. A aplicação de inseticidas de largo efeito ajudará a evitar a formação de novo foco naquele ponto. Mas, na verdade, a encrenca está na presença em maior ou menor grau de moscas adultas (aladas) e foi por isso que o contratante chamou a empresa controladora. O fogo deve ser dirigido contra as moscas adultas para que os resultados sejam visíveis e perceptíveis ao cliente. Só que isso é outra história e vai ficar para outra vez. Prometo voltar a discutir esse assunto. Não esmoreça!

segunda-feira, 21 de julho de 2014

RATOS MORDEM O BRAÇO DE CADÁVER EM HOSPITAL PÚBLICO NORTEAMERICANO

É quase inacreditável, mas é verdade. O sistema público de hospitais nos Estados Unidos da América do Norte também não é nenhuma perfeição, assim como o nosso onde os pacientes ainda vivos padecem nos corredores lotados por falta de recursos humanos e materiais. Lá é comum um manejo inadequado dos mortos nos necrotérios. Pelo menos é o que nos conta a notícia vinda de Chennai. Houve um clamor geral na comunidade quando parentes de um homem morto denunciaram que ratos haviam mordido o cadáver no necrotério do hospital. Yusuf H, 42 anos, um residente em Pulianthope, em uma noite de quarta feira, durante um acesso de raiva, quebrou um espelho com um soco, ferindo gravemente sua mão direita. Yusuf foi imediatamente levado ao hospital geral (público) da cidade. Contudo, o paciente ainda extremamente nervoso, recusou o atendimento médico de emergência e morreu em duas horas devido à hemorragia excessiva. Um boletim de ocorrência policial foi aberto e os médicos informaram à família que o corpo somente poderia ser liberado após a necrópsia que seria realizada no dia seguinte. Na tarde desse dia, Jaffer, cunhado de Yusuf, ao retirar o corpo, observou no braço esquerdo do cadáver uma clara marca que parecia ter sido provocada pela mordedura de rato. Na Administração do hospital, Jaffer foi informado que as instalações do hospital estavam infestadas por roedores. Um funcionário do setor sanitário do hospital admitiu que os ratos infestantes representavam uma ameaça e que havia recebido 10 armadilhas colantes, as quais foram distribuídas em cada setor que acusara a presença de roedores. Informou ainda, justificando o bom resultado obtido (na opinião dele), que, todos os dias, cada armadilha capturava de dois a três ratos em média. Outros funcionários disseram que restos de alimentos deixados por toda a parte por usuários e visitantes era a principal razão do problema com os ratos. A proximidade de uma estação férrea também contribuía para aumentar o problema, pois os ratos invadiam as áreas do hospital usando o sistema de drenagem e de esgotos. Resumo dessa ópera bufa: lá, como cá, cada qual com seus problemas!

quinta-feira, 22 de maio de 2014

MORCEGOS (DVD)

Continuando minha saga de cinéfilo caçador de baciadas, estava eu campeando eventuais pérolas numa baciada de ofertas de DVDs encalhados a baixo custo em um supermercado, quando me cai nas mãos um DVD intitulado MORCEGOS (Bats, em seu título original norte americano). Custou somente R$ 6,90 e por esse preço não poderia deixar de leva-lo, não fossem outros meus motivos para tanto. Estrelando, o conhecido Lou Diamond Phillips que já foi índio, esquimó, cowboy, policial navajo, chicano e cantor entre tantos papéis que já desempenhou. Neste DVD é um Xerife de uma pequena e pacata cidade do Texas. A mocinha é a bonita lourinha Dina Meyer, uma zoóloga especialista em morcegos. Contrapõe o ator negro Leon Carlos Jacott que, aliás, se sai muito bem como um auxiliar gaiato da doutora. Trata-se de um filme de suspense e terror figurando os inimigos morcegos raposa que fugiram de uma laboratório secreto do exército onde foram geneticamente manipulados e receberam um vírus que os torna seres pensantes, muito fortes e onívoros, adorando carne humana. Após uma série de ataques mortais a seres humanos e outras peripécias, invadem a cidade e o trio principal vai combatê-los numa velha mina abandonada, quartel general da morcegada (aos milhões). A gente fica sempre na expectativa para saber qual o final que o filme dá ao problema. Entre as sugestões de combate urgente, discutiu-se sobre o uso de clorofacinona, hipótese abandonada por ser “demasiadamente arriscado a seres humanos”. Não entendi direito o escorregão, pois eles só tinham 48 horas para liquidar o problema e a clorofacinona é um anticoagulante de dose múltipla; mas, enfim, em Hollywood tudo pode. Meus R$ 6,90 valeram afinal!

segunda-feira, 19 de maio de 2014

MENSURANDO RESULTADOS NO COMBATE A BARATAS

Continuando essa série de posts que temos publicado sobre o tema mensuração de resultados, vamos conversar um pouco sobre o combate a baratas. É bem mais simples do que mensurar roedores, pois já existem no comércio especializado, e até em supermercados, as placas colantes anti baratas. Esses dispositivos não passam de placas contendo uma fina camada de cola que leva certo tempo para endurecer, prolongando assim a vida útil dessas armadilhas. É só armar a armadilha fechando a parte superior de proteção, deixando livres os espaços laterais para que as baratas possam adentrar ao dispositivo. Geralmente essas placas colantes vêm acompanhadas de uma isca para atrair as baratas passantes; na maioria das vezes a isca é uma mistura de açúcar refinado e pó de canela, embora já haja no mercado placas com outros tipos de isca. Como funciona essa armadilha? Colocada em locais corretos (próximo a pontos infestados), supostamente as baratas que caminharem nas proximidades serão atraídas pelo odor da isca e entrarão na armadilha onde serão aprisionadas pela cola. Diferentemente do comportamento dos roedores, as baratas não se apercebem do perigo e continuarão entrando e sendo capturadas. Certa vez, em um local com pesada infestação mista de baratas, tanto da barata de esgoto (Periplaneta americana) quanto da barata alemãzinha (Blatella germanica), sob uma pia ao lado de um fogão em um desses botecos sujinhos onde fazíamos o ensaio de uma nova combinação de biocidas, no pré censo, empregando cerca de 25 armadilhas distribuídas na área, uma armadilha colante capturou nada menos que 62 baratas de ambas as espécies. Naquele ensaio, o protocolo determinava que as armadilhas fossem recolhidas em 24 horas, mas acredito que se elas fossem deixadas por mais tempo, o número de capturas poderia ainda aumentar, tal o grau da infestação que ali havia. Sim, então essas armadilhas servem para os dois tipos mais comuns de baratas? Servem, se corretamente colocadas próximas aos pontos focais. E qual o procedimento para mensurarmos os resultados no combate às baratas utilizando essas armadilhas colantes? Como sempre, duas fases, dois censos. No primeiro dia dispomos certo número de armadilhas na área infestada; o número de armadilhas vai depender da extensão dessa área e suas características, o profissional decide. É importante fazermos um desenho (croquis) aproximado da área, assinalando os pontos onde cada armadilha foi colocada. No dia seguinte recolhemos essas armadilhas, abrimos e contamos as baratas capturadas, identificando as espécies. Em seguida praticamos a aplicação do método de controle que escolhemos (seja por géis ou pastas baraticidas, seja por pulverização), deixando que atue por uma semana. No oitavo dia voltamos e novas armadilhas exatamente nos mesmos pontos de onde retiramos as armadilhas no primeiro dia. Novamente no dia seguinte repetiremos a contagem, agora para compararmos números. Exemplo: no primeiro censo contamos, digamos, 25 baratas em uma determinada armadilha; no segundo censo, a armadilha colocada no mesmo ponto focal mostrou duas capturas. Portanto (regra de três simples) 2 x 100 dividido por 25 = 8 ou seja, obtivemos 92% de sucesso. Cappice?

sábado, 19 de abril de 2014

MENSURAÇÃO DE RESULTADOS – Rattus norvegicus – PARTE II

Retomando esse tema, vimos como proceder a uma avaliação quantitativa de resultados em uma desratização a céu aberto. Contudo, há inúmeras situações (impossível prever todas) onde por qualquer razão, não conseguimos localizar as ninheiras das ratazanas infestantes para praticar o método do fechamento de tocas. Nesses casos, podemos lançar mão de um método alternativo bastante confiável, o da avaliação por pegadas. Como proceder? OK, não localizei as ninheiras, mas percebo as trilhas de passagem. Apanho vários retalhos pequenos de taboas, com um metro de comprimento e 30 cm de largura; pode ser desse madeirame que sempre sobram nas construções. Disponho esses retalhos aqui ou ali ao longo das trilhas e sobre eles polvilho talco comum. No dia seguinte volto ao local e observo os retalhos que dispuz. Se o retalho tiver sido disposto nos locais corretos e se houver infestação local, verei claramente as pegadas impressas no talco. Anoto quantos retalhos mostraram-se positivos. Aplico o método que escolhi para desratizar a área e cerca de uma semana depois, volto e refaço a aplicação de talco nos retalhos. Novamente no dia seguinte volto para nova leitura e considero ainda positivos os retalhos que contiverem novas pegadas. Tudo anotado, pratico novo tratamento e uma semana depois repito tudo. Se o tratamento estiver surtindo resultado, o número de retalhos positivos vai declinando progressivamente até, talvez, zerar. A comparação dos positivos obtidos com o primeiro, vai nos dar quantitativamente uma porcentagem de sucesso. Observe que esse método é, possivelmente, o melhor método de avaliação dos resultados para ratos pretos também (Rattus rattus). Certo? Alguns profissionais gostam de polvilhar raticida pó de contato sobre os retalhos, pois alegam que os roedores infestantes que passarem sobre as taboas, já vão sendo afetados.

domingo, 2 de março de 2014

AVALIANDO RESULTADOS NO COMBATE A ROEDORES - Rattus norvegicus

Então, há pouco tempo atrás, falávamos da importância de conduzirmos uma avaliação quantitativa (a que pode ser transformada em números) dos trabalhos que uma empresa controladora de pragas executa. Dizíamos que o método do “achismo” qualitativo expressa apenas uma opinião e não tem como se sustentar. O que não pode ser medido, não pode ser avaliado. Também dissemos que os métodos e artifícios destinados a coletar dados da infestação antes e depois do tratamento, variam conforme o ambiente e principalmente a praga considerada. Dessa forma vou necessitar de dados numéricos obtidos antes e depois do tratamento para saber se o que fizemos alcançou ou não o resultado desejado. No caso de ratos e camundongos há alguns métodos práticos que podem nos dar a informação que precisamos e tais métodos são diferentes segundo a espécie considerada. Então vamos tratar do assunto de forma separada por espécie, começando pela ratazana (R.norvegicus). O que preciso lembrar? Ratazanas são fossoriais (escavam tocas e túneis subterrâneos interligados) ao que chamamos “ninheiras”; dali saem todas as noites para buscar alimentos e se espalham pelo território; ficar tentando contá-las depois que se espalham, vai dar um trabalho danado, além de produzir dados não muito confiáveis. A melhor alternativa é executar uma forma de contagem, de censo, nas ninheiras onde a colônia inteira está agrupada. Tenho duas situações básicas: uma quando as ninheiras se encontram a céu aberto e podemos localizá-las; outra quando não conseguimos localizar as ninheiras. Via de regra, as ninheiras a céu aberto nos permitem praticar um censo muito apurado, ainda que indireto. Como procedo? Localizo a(s) ninheira(s) pelas tocas já abertas; ao lado de cada uma delas espeto uma pequena estaca de madeira (eu gosto de pintá-las de branco para facilitar a visualização e gosto de numerá-las para meu controle) fincadas no solo ao lado de cada toca. Em seguida tampono as tocas com bolotas de jornal. No dia seguinte volto ao local e verifico quantas e quais tocas encontro abertas; significa que estão ativas, que contêm ratos em seu interior. As tocas que ainda estão tamponadas com jornal, fecho com um pouco de terra e recolho as respectivas estaquinhas, pois são tocas inativas que não são utilizadas pelos ratos residentes. Nesse mesmo dia executo o tratamento com os raticidas de dose única escolhidos colocando-os dentro das tocas abertas para aumentar as chances de serem consumidos. Tudo isso tem que ser devidamente anotado. Sete dias depois, retorno e novamente tampono com bolotas de jornal todas as tocas da ninheira. No dia seguinte retorno e faço nova leitura observando e anotando as tocas reabertas, onde pratico nova colocação de raticidas. Agora já posso fazer cálculos muito precisos sobre os resultados obtidos nesse primeiro tratamento. Digamos que na primeira leitura encontrei 50 tocas ativas (as que os ratos reabriram empurrando a bolota de jornal para fora) e digamos que, uma semana depois apenas 8 foram reabertas. Quer dizer, das 50 iniciais, sobraram 8 ainda com ratos dentro. Faço o seguinte cálculo: 8 dividido por 50 multiplicado por 100. Vou obter um resultado expresso em porcentagem. 8/50x100= 16% de tocas reabertas, ou seja, 84% de tocas fechadas (tocas que não têm mais roedores dentro). Esse é meu primeiro resultado: 84% de sucesso! Pronto, agora sim tenho uma perfeita avaliação quantitativa de meu trabalho. Na semana seguinte volto (lembram-se? Eu pratiquei no dia da leitura anterior, um novo tratamento) e novamente verifico quantas tocas ainda reabriram; digamos que foram duas. Faço o novo cálculo: somo os dois resultados de tocas reabertas (8+2=10:100= 0,1%); quer dizer 99,9% de tocas não reabertas, expressando minha porcentagem de sucesso. Não é tão difícil assim, é? Divido o número de tocas reabertas pelo número de tocas anteriormente fechadas e multiplico o resultado por cem. Esse tipo de censo (por reabertura de tocas) é o melhor que conheço para ninheiras de ratazanas a céu aberto. Ah, sim! Em certos países do primeiro mundo, é comum fazer censo por células fotoelétricas, mas isso é lá! Cá, vamos com os dois pés no chão, com muita calma nessa hora! Bem, e se não conseguimos localizar as ninheiras ou elas estão localizadas em pontos inacessíveis ou onde nosso método simples de censo por reabertura de tocas não seja aplicável? Poderemos empregar outra abordagem igualmente simples e barata. Mas, vamos deixar esse assunto para um outro post, porque hoje já é carnaval e ninguém é de ferro, certo!

PARIS: ROEDORES INVADEM AS GALERIAS LAFFAYETTE

Os parisienses estão alarmados, pelo menos aquele estrato social AA e A que frequenta e compra nas famosíssimas Galeries Lafayette. Foram avistados pequenos roedores (provavelmente camundongos – Mus musculus) no setor de calçados, de bijuterias, na perfumaria e, obviamente, no bar e na cozinha do restaurante. Foram inclusive avistados nos arranjos de certas vitrines já montadas para o Natal. O problema foi denunciado pelo sindicato dos trabalhadores desse grande templo da moda mundial. Turista em compras nas Galerias Lafaiette que avistaram alguns camundongos até se divertiram (mesmo porque turista é para isso mesmo, achar tudo muito legal, fotografar se possível e rir com seus amigos em casa!). Mas, para o famoso estabelecimento, foi uma aparição desconcertante e incômoda. Especialistas acreditam que existam cerca de 6 milhões de camundongos na região metropolitana de Paris (sic). É um problema que afeta grande parte dos edifícios, dos grandes restaurantes e residências. A notícia veiculada pela imprensa francesa nada cita sobre as providências tomadas.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

AVALIANDO RESULTADOS

Nada que não possa ser mensurado (medido) tem valor palpável. “As baratas diminuíram muito”, é uma avaliação apenas qualitativa, sem valor quantitativo expressando apenas um desejo na maioria das vezes. Diminuíram quanto? 20%? 37%? 89%? Quer dizer, achamos que diminuíram, percebemos que diminuíram, avaliamos que diminuíram, queremos que tenham diminuído... e daí? O “achismo” nunca foi uma boa medida, principalmente se necessitamos de dados e valores mais apurados para uma boa (às vezes necessária) e verdadeira avaliação do assunto. Se não pode ser medido, não pode ser avaliado. Então, como fica o controle de pragas nessa questão? O que é uma avaliação que tenha valor? Avaliar, em controle de pragas, significa medir como estava antes e como ficou depois de um tratamento contra uma determinada praga. Se eu tiver esses dados poderei com segurança dizer se o tratamento aplicado foi bom, se surtiu o resultado esperado ou não, se preciso redirecionar o tratamento, se devo mudar a abordagem, se devo mudar de biocida ou equipamento, se devo ou não repetir o tratamento. Mas, nada disso pode ser pensado caso eu não disponha de dados pré e pós tratamento. O resto, amigo, é puro “achismo”! Vamos parar um pouco para pensar: quer dizer que se eu não souber (direta ou na maioria das vezes indiretamente) quantas baratas ou quantos ratos havia antes do meu tratamento e depois dele, não posso efetivamente avaliar os resultados que obtive? A resposta é: na maioria das vezes, não! Sob certas condições ou em infestações muito leves, até podemos inferir sobre os resultados sem uma sólida avaliação quantitativa. Deixando bem claro: avaliação quantitativa é obtida através de números (diminuiu 50% já na primeira aplicação; baixou 30%; chegamos perto de 100%) e avaliação qualitativa expressa apenas um sensação (acho que melhorou muito; não fez efeito algum; piorou). E o que a maioria das empresas controladoras de pragas (e seus técnicos) fazem? Avaliações qualitativas! Isso tem outro nome: “Acredite se quiser”. Claro que as coisas evoluem, melhoram, são aperfeiçoadas e hoje já temos em nosso país, aqui ou ali, algumas empresas preocupadas em obter avaliações quantitativas de seu próprio trabalho, não só para apresentar ao seu cliente (cada vez mais exigente) informações com valores mensuráveis, mas também para seu próprio controle, sua auto avaliação. Estas empresas consolidam sua posição no mercado, solidificam sua relação com os clientes e os fidelizam. Qual empresa, de qualquer ramo de atividade, não desejaria esses predicados? Outras, a maioria, no entanto, seguem o sistema de avaliação qualitativa (Eu acho que... Eu penso que... Em minha opinião...). Certo dia, conversando com um proprietário de uma empresa controladora de pragas exatamente sobre esse tema avaliação, depois que eu defendi a avaliação quantitativa, ele me disse mais ou menos o seguinte: “- Olha só: você está me dizendo que para avaliar um serviço eu agora vou ter que ir quatro ou seis vezes ao cliente, uma primeira vez para fechar o negócio e inspecionar o local, outra vez, quem sabe duas vezes, para executar a primeira coleta de dados, mais uma vez para executar o tratamento e depois mais uma ou duas vezes para coletar os dados de infestação pós tratamento?”. Respondi que sim e ele encerrou o papo exclamando entre sorrisos irônicos: “- Nem pensar. Os custos operacionais desse trabalho iriam às alturas e cliente nenhum pagaria por isso”. Vou continuar no meu sistema mesmo de duas visitas, uma para inspecionar e fechar o negócio e outra para executar o serviço”. Naquele momento, nada que eu dissesse teria modificado a maneira dele pensar (e agir). Eu pretendia argumentar que se houvesse uma boa explicação técnica prévia ao cliente e os benefícios mútuos que o método da avaliação quantitativa garantiria, muito provavelmente a questão preço passaria para um segundo plano, pois estaríamos aduzindo valor ao trabalho, mas não houve condições de seguir naquela discussão. Boa gente aquela pessoa, bom papo. Hoje, segundo soube, a empresa dele se apequenou e ele a vendeu, saindo do ramo. Não sei os motivos e nem estou dizendo que a forma de avaliar e agir levou ao desfecho do caso, mas afirmo que é preciso e vital que o empresário esteja atento para uma infinidade de sinais que o mercado dá. Alguns notam e tomam suas providências, outros apenas observam, alguns mais nem prestam atenção. Voltando ao tema, existem diferentes técnicas para a coleta desses dados tão importantes a campo, os quais permitirão que tiremos conclusões matemáticas e precisas. Em princípio, tudo depende da praga alvo; claro está que a forma de coletar dados sobre baratas não é a mesma do sistema empregado para roedores, mas vamos voltar ao assunto em posts próximos para que este não fique grande demais. Só para não esquecer: NÃO SE GERENCIA O QUE NÃO SE MEDE. NÃO SE MEDE O QUE NÃO SE DEFINE. NÃO SE DEFINE O QUE NÃO SE ENTENDE. NÃO HÁ SUCESSO NO QUE NÃO SE GERENCIA.