terça-feira, 17 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO

Quantas vezes, nesta época do ano, ouvimos essa frase bombardeada em comerciais de Rádio, TV e mídia impressa! Nem mais prestamos atenção e o possível efeito da frase se perde no excesso. Precisamos urgentemente criar uma nova frase de felicitações pelas Festas de fim de ano capaz de ainda despertar nossa atenção, mas, até que isso aconteça, vamos desejando – FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO. Nessa vida corrida e sem tempo, na nossa superficialidade de viver, o calendário voa e só nos damos conta que mais um ano se foi quando os Papais Noéis & Cia voltam, de alguma forma, à cena do nosso cotidiano. Poucos param para pensar sobre o real significado do Natal e as festas que o acompanham. Foi a Igreja católica que, logo após de seu surgimento de forma estruturada, necessitando de festas populares que substituíssem as festas pagãs fortemente arraigadas na consciência das pessoas, criou uma festa para comemorar o nascimento de Cristo, seu ídolo máximo. Inicialmente era uma comemoração austera realizada nas igrejas e que continuava nas casas dos cristãos onde uma mesa mais farta e alegre aguardava os fiéis. Nem troca de presentes havia, costume que veio muito depois especialmente incentivado pelos comerciantes. Hoje, essa festa mudou completamente de figura e, na maioria das casas de cristãos, praticamente resume-se a uma troca frenética de mimos e presentes após uma lauta ceia composta de diferentes pratos, acepipes e doces, além de bebida alcoólica. Uma enquete rápida feita há uma ou duas décadas atrás por uma revista norte americana, demonstrou que apenas duas pessoas em cada família cristã que havia comemorado o Natal, pensou ou proferiu a palavra Jesus. Praticamente nenhuma família fez uma oração ou algo assemelhado. Embora católico (por opção), não sou “carola”; ao contrário, tenho reservadas críticas à minha igreja quanto a certas doutrinas, dogmas e comportamentos. Mas, sou católico e em tal condição, vejo a necessidade de voltarmos um pouco na história e recuperarmos o verdadeiro espírito da cristandade nessa época onde comemoramos, com alegria, o aniversário de nascimento de Jesus Cristo. Acho que seriamos apoiado fortemente por Budah, Shiva e Maomé, cada qual a seu jeito! Ah, sim! Outra forma de desejarmos boas festas seria abrindo os dedos em dois grupos da mão espalmada estendida à frente, dizendo: “- LIVE LONG AND PROSPER” (Vida longa e próspera), como fazia o Sr. Spok, aquele orelhudo da inesquecível série de TV (e filmes) Jornada nas Estrelas (Star Trek). É só uma sugestão, tá!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O ”CAUSO” DAS ARANHAS MALDITAS

Já confessei aqui minha aversão por aranhas. Cobra, sapo, escorpião, rato, lacraias, marimbondos e vespas, nada disso me causa qualquer reação que mereça ser digna de nota. Mas, aranhas... Por isso vou lhes contar um “causo” verídico de minha vida profissional, pois envolve justamente aranhas. Aranhas das boas, daquelas cabeludas e enormes que, de tão grandes, receberam o nome popular de caranguejeras, quer dizer, do tamanho de caranguejos! Pois bem, esse causo serviu para mostrar que não sou eu o único fariseu a temer as malditas aranhas. Tá bom, vai, reconheço o importantíssimo papel que as aranhas desempenham na Natureza, que são exímias e necessárias caçadoras de insetos, etc, etc, etc. Mas, há aranhas e aranhas. Há as pititicas chamadas de papa-moscas e que nos ajudam a combater pequenos insetos dentro de casa; há outras que habitam nossos jardins e fazem suas teias nos beirais das casas; há uma infinidade de outras aranhas, mas todas estão por aí nas matas e em qualquer outro tipo de ambiente no mundo inteiro. OK, mas acontece que tem as danadas caranguejeras que só servem para surgir nos nossos pesadelos quando menos se espera! E também para figurar em filmes de terror, com destaque! Certa vez, minha empresa controladora de pragas (abri, curti e fechei em um espaço de 20 anos) foi chamada para resolver uma situação, para mim, arrepiante: uma infestação de caranguejeras em uma casa de campo que era utilizada de tempos em tempos por seus proprietários. Atendi pessoalmente esse caso (aliás, como de praxe) e marquei com o proprietário uma visita de inspeção à casa infestada. Eu precisava avaliar onde, como e o grau de infestação antes de qualquer ação de controle; peguei meu operador mais safo e lá fui eu entre preocupado e intrigado. O dono da casa estava nos esperando conforme o combinado e nas perguntas iniciais já percebi algumas coisas: de fato a casa deveria estar bem infestada, nos últimos dois anos a família só veio à casa duas vezes e na derradeira foram embora no meio da noite porque a filha mais velha foi fazer uma visitinha à geladeira e, bem no meio da cozinha, uma caranguejera estava à caça; a filha gritou (sabe aquele grito de terror que usam nos filmes do mesmo gênero? Pois foi em altíssimos decibéis que a garota anunciou seu aterrorizante achado). Disse o proprietário que a menina pulou para cima do sofá na sala e apanhou uma almofada para se proteger; junto, veio outra caranguejera! Oh, dia; oh, mês... (como há muito tempo atrás se queixava Hardy Har Har, a hiena amiga da tartaruga Touché – já não se faz desenhos animados tão bons como aqueles!). 15 minutos depois, se tanto, a família (sem esquecer o Totó, o cãozinho poodle mais covarde daquele grupo social) já estava dentro do carro e foi dormir em uma pousada próxima. O bravo pai transferiu as férias para outras paragens e foi providenciar a solução para o aterrorizante problema, chamando uma empresa controladora de pragas que, nos contou o proprietário, não deu nada certo. Isso posto, lá fomos nós, o proprietário, o caseiro, meu operador safo e este temente a Deus que vos tecla, em busca das origens da questão. Onde estariam as caranguejeras e por que ali estavam! Procura daqui, procura dali e nada. Explicável: era de dia e elas, as malditas, não estavam caçando. Insistimos e finalmente meu esperto operador encontrou um exemplar entocado numa pilha de lenha cortada de forma bem comportada ao lado da lareira aguardando o próximo inverno. O Proprietário nem disfarçou: rapidamente tomou o último lugar na fila, enquanto explicava que tinha aversão a aranhas, torcendo as mãos. Com ares de entendido (assim esperavam todos) fui espiar a bandida. Meus amigos... deveria ser a mãe de todas as caranguejeras, pois nunca vi uma que fosse tão grande e tão cabeluda! Eu olhava para ela e ela olhava para mim com seus “trocentos” olhos negros, suas quelíceras ameaçadoras. Por aí já percebi que eu estava em desvantagem. Em um movimento de defesa, ergueu a parte dianteira do corpo e estendeu seu primeiro par de patas para o alto em posição de ataque. E eu na frente do grupo! Que situação. A essa altura não vi mais o dono da casa que rapidamente sumiu sem dar satisfações. Covardão! Eu, pelo menos, não tinha arrepiado carreira e aguentei firme a provação. Puseram a pérfida dentro de um jarro de maionese vazio e continuamos a procurar. Deveria haver muitas mais e precisávamos descobrir se haveria um local de concentração ou talvez um ou mais ninhos, já que as caranguejeras não tecem teias elaboradas. Nada encontrando por ali, resolvemos inspecionar o sótão. Essas casas de campo quando rústicas, frequentemente têm sótão onde as famílias guardam tranqueiras em geral, daí nossas suspeitas. Em uma maldita fila indiana (única maneira de se entrar em um sótão) subimos a estreita escada e, sem outra alternativa, abri o alçapão e corajosamente (mas com a boca completamente seca, me lembro) adentrei ao terrificante sótão, apenas armado com uma potente lanterna de meu uso pessoal (uma possante MagLite de seis pilhas). Entrei e aguardei a entrada da brigada ligeira, porque não sou bobo, nem nada. O ambiente era mais ou menos o que eu esperava: muita tranqueira, muito traste, uma grossa camada de pó e incontáveis pontos onde as malditas pudessem estar aninhadas. Sim, a essa altura o proprietário que sempre discretamente se posicionava atrás da fila, estava suando em bicas e estava ofegante, com um lanternão enorme na mão, manejado nervosamente; comentava que a primeira coisa que iria providenciar naquele sótão era instalar iluminação e fazer a maior fogueira que a vizinhança já tinha visto, com toda aquela tranqueira ali acumulada por décadas. Confessou ele que nunca havia subido ao sótão desde que compara a casa havia cerca de dez ou quinze anos atrás. Por azar, por “caipora” como se diz no interior, por acidente, por acaso de destino, pela célebre Lei de Murphy ou por qualquer outra razão, de repente ocorreu um fato muito estranho. A tranqueira era tanta que para caminharmos, tínhamos que remover de nossa frente, aqui ou ali, certos trastes que bloqueavam nosso caminho. Pois não é que o dono ao remover um velho almofadão empoeirado, se deparou com uma colônia de caranguejeras de diferentes tamanhos que, instintivamente se pôs em posição de defesa. Não cheguei a vê-las claramente e nem esperei por ângulos mais fotogênicos, mas enquanto eu numa fração de segundo buscava com os olhos o caminho mais reto e curto para sair dali, o proprietário da casa soltou um valente berro que deve ter assustado até as aranhas, pois elas ficaram imóveis (claro, os conhecimentos sobre a biologia das aranhas explicam tudo isso que falo, mas, naquele momento... vocês me desculpem!). Pois o proprietário atravessou o espaço que ia dar na claraboia em um piscar de olhos, antes que o eco do berro que ele havia dado terminasse. Literalmente jogou-se pela estreita escada abaixo, saiu correndo da sala onde a claraboia ficava, espaventou-se da casa e foi para uns 30 ou 40 metros de distância no jardim. Desci a escada e dali comecei a dar instruções ao meu esperto operador de como faríamos para tentar remover o maior número possível de aranhas daquele sótão. De que essas caranguejeras estava se alimentando no sótão? A casa, construída em estilo rústico, tinha um forro (laje) e um telhado imitando palha, vazado, por onde o ar circulava. Morcegos e pássaros também ali faziam seus ninhos. Um banquete permanente para as pérfidas caranguejeras! Fingindo que eu nem havia observado a estratégica retirada do proprietário da casa, fui procurá-lo para as necessárias explicações técnicas, etc. Enquanto eu raciocinava maneiras de abordar e resolver o problema, calculando mentalmente os parâmetros dos valores para o serviço, fiquei de ouvidos moucos escutando as repetitivas explicações e justificativas para sua retirada galopante. Afinal, minha empresa foi contratada e fizemos um ótimo trabalho solucionando o problema de nosso cliente; nas vizinhanças, grande número de casas tinham infestações de morcegos. Acabei ganhando um bom dinheirinho por ali! Coisas e “causos” da vida!