domingo, 20 de novembro de 2011

MELHORANDO O DESEMPENHO DE SUA EMPRESA


OK! Sua empresa controladora de pragas é pequena, você e mais meia dúzia de pessoas trabalhando duro para fazê-la crescer, de vez em quando um mês muito fraco e dificuldades para pagar todas as obrigações financeiras, fiscais e cobrir a folha de pagamento. Não é fácil, eu sei. Uma pasta de clientes não muito grande necessitando fortemente de algum crescimento que a fortaleça, o mercado povoado por empresas controladoras de todos os tamanhos e portes competindo por conquistar centímetros. O que fazer?
Bem, muita coisa! Se a empresa é de pequeno porte, o campo de possíveis melhorias pode ser vasto. Começando por dentro da própria empresa: administração mais descomplicada. Não estou dizendo mais simplificada ou mais superficial; estou querendo dizer através de métodos mais objetivos como, por exemplo, compra de materiais e insumos. Além de organizar um almoxarifado (por menor que seja) bem controlado onde tudo o que entra e que sai é devidamente assentado em programinhas de controle, é preciso centralizar as ações administrativas em uma só pessoa, de preferência em um funcionário de confiança. Em tempo, o proprietário da empresa deve reter o controle financeiro e a orquestração geral, mas deve reservar grande parte de seu tempo para a conquista de novas contas, gerenciamento das já existentes e, especialmente, o pós venda. Não ter controles achando que são desnecessários porque a empresa é pequena, é o caminho mais curto para o brejo, onde certamente a vaca vai se atolar! Outra coisa, o imediatismo: por menor que seja a empresa, esse negócio de ir ao distribuidor para comprar dois ou três litros do inseticida escolhido, o necessário para executar um ou dois serviços, é totalmente contraproducente. A empresa certamente vai pagar o preço cheio no balcão e isso contribuirá para diminuir sua margem de lucro. Se você computar na coluna das perdas (isso deve ser feito sempre) as despesas de muitas idas e vindas do comprador ao distribuidor e do veículo de seu transporte, vai deparar-se com valores que poderiam ajudar muito no balanço mensal da empresa.É preciso juntar um pequeno capital de giro que permita à empresa adquirir um volume maior de insumos a cada vez, adquirindo assim maior poder de negociação com seu distribuidor. Não tema, os distribuidores têm margens que permitem oferecer um desconto significativo até para as pequenas empresas, caso ela compre um volume maior de insumos. Melhores preços de compra impactam positivamente o balancete mensal, sem dúvida. Isso tudo, para não falar na parte técnica da empresa, dos serviços, onde dezenas de melhorias podem ser implementadas, tenho a certeza.
Muito bem. Mas, e se a empresa já for de média para grande, onde dezenas de funcionários administrativos e operacionais trabalham e a carteira de clientes e contratos permanentes já é razoavelmente (ou muito bem) recheada. Se você já tem pessoal especializado nos diferentes setores da empresa, equipes de serviço, veículos e clientes, o que a empresa pode fazer para subir um degrau no mercado, crescer para um patamar superior, alavancar seus negócios? Obviamente suas preocupações já são de outra sorte do que aquelas experimentadas por uma pequena empresa controladora. Quando todas as medidas administrativas e técnicas já foram implementadas na empresa (aliás, por isso ela cresceu), pode parecer mais complicado e difícil dar o empurrão que a impulsionaria a partir do ponto em que se encontra. Outros tipos de barreiras devem ser buscadas e equacionadas, começando por melhor conhecer as necessidades de sua clientela. O caminho para o crescimento passa também por incluir equipamentos mais modernos (melhorar custo/benefício), aperfeiçoar o treinamento do pessoal (administrativo e operacional), adequar metas e expectativas, melhorar a comunicação, a visibilidade e a transparência da empresa. Se já tenho bons profissionais operacionais, um bom gerenciamento e uma boa base de clientes, possivelmente minha empresa já esteja operando com boa margem de lucro, preciso visualizar o que posso fazer para desenvolver mais minhas operações no mercado.
Três coisas podem ser mencionadas:
a) Adotar equipamentos cibernéticos que possam melhorar o desempenho da empresa. Obviamente já nem mencionarei computadores de serviço, pois isso já é de uso corrente em qualquer empresa que se preze. Equipes que ainda usam papéis a serem preenchidos antes, durante e após os serviços, passam uma imagem de empresa defasada e obsoleta. Equipá-las com GPS, celulares tipo smartphones, Bluetooth, computadores tabletes (tipo Ipad)e laptops (lamento, mas esses nomes em inglês são universais e praticamente não têm tradução para o português), podem fazer enorme diferença agilizando as operações de campo, além de passar uma imagem de modernidade e presteza aos olhos do cliente. Além disso, esses equipamentos colocam as equipes em contato permanente com a sede da empresa (on line).
b) Falta de integração entre os setores de venda e operacional. Nas empresas de maior porte, é comum o divórcio entre esses dois (importantes) setores. O pessoal de vendas acha que o pessoal operacional deve estar a seu serviço e o pessoal operacional acredita que o pessoal de vendas está distante da realidade dos serviços. A verdade é que algumas das melhores oportunidades de negócios são identificadas pelo pessoal operacional à medida que interage com os clientes. Ambos os grupos precisam ser devidamente esclarecidos sobre a importância de sua integração. A saúde da empresa exige que se entendam e respeitem seus limites.
c) Treinar, treinar e retreinar. Como anda o treinamento de seus funcionários? Todos entendem perfeitamente o que a empresa quer, onde quer chegar, quais as linhas mestras de conduta esperadas dos diferentes funcionários, quais as metas mensais, semestrais e anuais estabelecidas e outras? Ou essa área anda meio frouxa?
Quer dizer, há muita coisa que pode e deve ser feita para desestagnar uma empresa de porte grande. Muita coisa!

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

DDT, O HERÓI PROSCRITO


Nenhum inseticida foi mais famoso do que o conhecido DDT. Tido e havido como o salvador da pátria, acabou execrado e foi parar no limbo do esquecimento. Tão importante foi que, em nosso país, acabou denominando a profissão do atual controlador de pragas que, ainda hoje, segue sendo chamado pelo povo de “dedetizador” e as empresas do ramo de “dedetizadoras”. Faz tempo que quero contar um pouco sobre a saga desse incrível composto chamado DDT.
O DDT (dicloro-difenil-tricloroetano), considerado o avô de todos os inseticidas modernos, foi sintetizado como um composto em 1873 na Alemanha, mas ficou esquecido em alguma gaveta porque ninguém sabia para que ele poderia servir. Foi só em 1939, ou seja, 53 anos depois, que um químico suíço, Dr. Paul Muller, trabalhando para a Geigy Química, um laboratório também suíço, descobriu, quase que por acaso, que esse composto matava insetos e bem! Foi rapidamente testado contra várias espécies de insetos e era tiro e queda! Mas, somente em 1944 é que ganhou incrível notoriedade de “inseticida milagroso” quando foi empregado com muito sucesso em campanha de saúde pública para debelar uma epidemia de tifo na cidade de Nápoles (Itália), sendo usado largamente na forma de pó para combater os piolhos disseminadores dessa doença. Depois da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o tifo havia matado mais de três milhões de pessoas na Rússia e Europa oriental. O emprego do DDT em saúde pública foi tão bem sucedido que o Dr. Muller foi agraciado com o prêmio Nobel para medicina em 1948. Nessas campanhas contra o tifo, o DDT pó foi aplicado na cabeça e no corpo de milhares de soldados, refugiados, civis e prisioneiros, sem exibir nenhuma reação adversa. Ganhou a reputação de seguro para ser usado. A agricultura logo se interessou pelo composto porque era substancialmente barato e seu efeito era múltiplo combatendo eficazmente inúmeras pragas da lavoura; os agricultores abandonaram a rotação de lavouras em troca do tratamento químico com o DDT. Na esteira de seu sucesso vieram rapidamente outros inseticidas hidrocarbonetos clorados (mesmo grupo químico do DDT) em sucessão, tais como o BHC, o clordane, o lindane, etc, e o uso de inseticidas sintéticos se disseminou por todo o mundo. Claro que usaram e abusaram do emprego desses compostos. Imaginem que até uma velha profissão passou a ter êxito com resultados muito bons ao usar o DDT e seus análogos, a profissão do controlador de pragas urbanas, firmando-se no cenário.
A primeira onda de crítica pública ao DDT começou em 1949 quando o jornal New York Post começou a publicar uma série de artigos de autoria de Albert Deutsch, entitulada “O DDT e você”. Ele criticava o uso excessivo e abusivo do DDT e o acusava de ser o causador do “Vírus X”, uma doença que se alegava ser provocada pela exposição ao DDT. O jornalista dizia que, embora reconhecesse a utilidade do DDT quando adequadamente empregado em indivíduos, o composto era perigoso demais para o ser humano quando empregado repetidamente em campanhas de saúde pública. Até então, os riscos ou não do DDT eram discutidos somente em meios acadêmicos e entre cientistas, entomologistas e biologistas. Mas, em 1962, Rachel Carson, uma talentosa escritora, publicou um livro entitulado Primavera Silenciosa (Silent Spring) que se tornou um “best seller” na época e que despertou a atenção da mídia para o novo tema. Rachel não era cientista, mas recebeu muitas contribuições de fontes não científicas e dados algo duvidosos e imprecisos sobre os “malefícios” do DDT. Ela batia forte contra o uso abusivo dos pesticidas e pedia mais controle no seu uso. Atacava o comportamento irresponsável da sociedade tecnológica e industrializada com relação ao mundo natural. A principal acusação de Rachel ao DDT era que ele seria carcinogênico. Todavia, Rachel em nenhum momento mencionava os enormes benefícios que o DDT e outros compostos haviam trazido para a humanidade. Só como exemplo, ela relacionava doenças potencialmente perigosas para o ser humano tais como o tifo, a malária e a peste bubônica como tendo sido controladas apenas com medidas de melhoria, de sanidade do meio ambiente e de novas drogas no tratamento. Em nenhum momento mencionava que inúmeras doenças transmitidas por insetos ou roedores puderam ser atacadas com o uso de inseticidas como o DDT e outros. Quer dizer, embora o DDT não fosse o vilão da história, passou a acusado de ser. A mídia se encarregou de disseminar esse injusto papel, manipulando a opinião pública nunca devidamente esclarecida, de tal sorte que em 1972 o uso do DDT foi proibido inicialmente nos Estados Unidos e rapidamente em outros países mundo afora. Muitos outros argumentos foram então levantados contra o indefeso DDT: residual longo demais, poluição ambiental, inespecífico e uma série de outros argumentos, alguns válidos, outros exagerados. Não me lembro de ter lido nada sobre o ângulo custo/benefício do DDT. Que pena!
Em 1989, o jornal New York Times publicou a seguinte manchete: “Estudos demonstram que não há ligação entre a exposição ao DDT e o risco de contrair câncer”. Ao menos a verdade foi restabelecida, mas infelizmente, tarde demais para salvar milhões de vidas que morreram porque inúmeros programas de controle foram cancelados, especialmente em países mais pobres que jamais puderam fazer uso de outros compostos notoriamente bem mais caros!
Pensem a respeito.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

QUIMIOFOBIA (MEDO DE PRODUTOS QUÍMICOS)


Nossa sociedade vive com uma série infindável de receios e medos. Muitos são infundados, mas outros são verdadeiros e manifestam-se intensamente em determinadas pessoas. O desejo de não ter que conviver com insetos, ratos e outros bichos, leva muitas pessoas a buscar o auxílio de um profissional controlador de pragas, mas quando este se apresenta, paradoxalmente essa pessoa não quer que esse especialista faça uso de produtos químicos para solucionar o problema. Os avanços tecnológicos no controle de pragas já permitem que consigamos bons resultados no controle de algumas delas sem lançar mão de produtos químicos, mas outras não. De qualquer forma, vamos dar um passeio sobre essa delicada questão que o profissional controlador de pragas pode encontrar (com certa freqüência) no seu dia a dia.
Podemos dividir as fobias, a grosso modo, em duas grandes categorias. Cerca de 60% das fobias refletem medos generalizados. Por exemplo: agorafóbicos são pessoas que têm medo de se expor em espaços abertos, públicos ou com multidão; também receiam caminhar sozinhos ou usar transportes públicos. Seu inverso é o claustrofóbico que simplesmente não consegue permanecer em espaços fechados como um elevador ou a cabine de um avião; entrar em um tubo de tomografia, nem pensar, só sedado! O outro grupo de fobias é formado pelas fobias monossintomáticas, ou seja, a pessoa tem medo de certa coisa específica. Um bom exemplo são os musofóbicos, pessoas que têm medo de roedores em geral, os aracnofóbicos (medo de aranhas), os entomofóbicos (medo de insetos) e assim por diante. A quimiofobia (medo de produtos químicos) não se enquadra em nenhuma dessas duas categorias clínicas citadas; é mais um termo político do que psicológico. As fobias verdadeiras são manifestações individuais, enquanto que a quimiofobia traduz um comportamento coletivo vago e impreciso, sem limites plenamente estabelecidos. A quimiofobia frequentemente é inspirada por grupos ou associações de pessoas que levantam a bandeira de que qualquer produto químico é perigoso e põe em risco a integridade física das pessoas, o que está rigorosamente longe de ser verdade. Se fôssemos banir total e completamente de nossos meios ambientes os produtos químicos que nos cercam e dos quais fazemos uso cotidiano, a vida iria se tornar bem difícil, bem difícil mesmo! Se eu não usasse mais uma pasta dentifrícia, um sabão para lavar as mãos ou minhas roupas, um desinfetante na limpeza da casa e outros produtos químicos que fazem parte do meu cotidiano, creio que a vida seria bem mais complicada, cidadão urbano que sou.
Os profissionais controladores de pragas são particularmente expostos aos quimiófobos. Lidando essencialmente com biocidas, frequentemente são alvos dessas pessoas que, de forma vaga, se declaram contra produtos químicos. “- Meu apartamento está cheio de baratas e preciso que o senhor acabe com elas, mas sem usar produtos químicos”. E arrematam: “- é que eu sou alérgico”. Provavelmente não sabem que as baratas são responsáveis por crises alérgicas, bem mais que alguns inseticidas. Contudo, o que se percebe é uma tendência crescente à quimiofobia na sociedade moderna e cada vez mais o profissional controlador de pragas vai cruzar com pessoas que manifestam forte receio ou desaprovam o uso de biocidas. Com freqüência um conflito de interesses se manifesta quando uma empresa busca solução profissional para controlar insetos, por exemplo, e dentro dessa empresa existe um ou mais quimiófobos. Essa situação vai exigir muita diplomacia e tato para ser equacionada, sem dúvida!
As raízes da quimiofobia estão na sensação atávica de que “eu devo proteger a mim mesmo e minha família dos perigos”. Os produtos químicos são, de forma generalizada, catalogados como um desses perigos. O problema é que esse medo pode ganhar proporções exageradas, especialmente quando a mídia veicula acidentes intoxicativos com produtos químicos, especialmente ligados a alimentos. O célebre Paracelso (1493 – 1541), em priscas eras, já dizia que todas as substâncias podem ser tóxicas... dependendo da dose! A desinformação ou a falta de, leva a crenças infundadas. Quando um noticiário anuncia que foi encontrada a presença de traços de tricloroetileno na água de bebida da cidade, o cidadão comum se assusta porque não sabe o que é tricloroetileno, nem lê “traços” (partes por bilhão) e já fica achando que aquela água está contaminada irremediavelmente. “Traços” passa a ser “contaminação”. Esse mesmo cidadão também não sabe que na farinha de trigo que ele usa para se alimentar e aos seus, existem pelos de roedores e partes de insetos em quantidade considerada “aceitável” por lei! O cidadão comum considera que a poluição ambiental, algo que ele pouco pode fazer para resolver, representa uma ameaça à saúde pública bem maior do que todos aqueles fatores essencialmente sob seu controle, tais como fumar, ingerir álcool, dietas e estresse. Portanto, não é de se estranhar que controladores de pragas e outros grupos que se utilizam de produtos químicos sejam alvos constantes dos quimiófobos e da mídia.
Dessa forma, o público não está reagindo a riscos reais, mas à sensação de risco, a riscos percebidos. Percepção não é realidade. Realidade é realidade! Na prática, então, o profissional controlador de pragas está lidando muito mais com risco percebido do que propriamente um risco real e pouco adianta discursar para tentar esclarecer e reduzir as sensações a suas verdadeiras dimensões. Um discurso tecnificado, cheio de palavras e dados técnicos, só tende a piorar as coisas, pois o cidadão comum (que não tem o conhecimento técnico do profissional) vai achar que está sendo “enrolado”. A melhor postura é a não discussão, deixando isso para os acadêmicos e estudiosos de plantão. A busca de alternativas é a chave para contornar tais situações. Os controladores de pragas precisam promover a ideia de que estão sempre preocupados com as pessoas e que são parte da solução, muito mais do que parte do problema. Essa deveria ser a bandeira individual de cada profissional controlador de pragas e das associações que os representam.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O QUE HÁ DE NOVO POR AÍ?


Foi a pergunta que recebi de nosso leitor Hipólito. Ele queria saber se há alguma molécula nova sendo registrada em produto comercial (domissanitário) e quem a estaria registrando. Bem, amigo Hipólito, não sou exatamente o que se chama de “insider” da Anvisa e só fico sabendo das coisas que lá acontecem (de nosso interesse) quando eles abrem a informação para o público em geral, através de uma consulta pública, por exemplo. Dessa forma, sei bem pouco sobre intenções de lançamento no mercado nacional, mas sei que tais lançamentos de moléculas novas são mais ou menos raros. Contudo, vamos dar uma espiadela naquilo que já vazou e que talvez nem lhe seja novidade!
Para começar, vamos lembrar que novas moléculas inseticidas geralmente surgem primeiramente no mercado agrícola e só depois são estudadas como domissanitários. Fácil de entender: o uso agrícola (agricultura e/ou pecuária) é vastamente superior ao mercado urbano e obviamente as pesquisas em andamento pelo mundo, visam preferencialmente o uso rural. As pragas das lavouras são muito mais numerosas (em gêneros e espécies) do que as pragas sinantrópicas e apresentam, com freqüência, adaptações e mutações que exigem muita pesquisa para que logremos controlá-las.
No mercado agropecuário, há ao menos três novos inseticidas já lançados ou em via de lançamento, introduzidos por gigantes do setor. Esses novos compostos incluem seletividades aumentadas contra insetos daninhos, refletindo baixa toxicidade para outras espécies, e altas eficácias, possibilitando aplicações em concentrações mais baixas e mais espaçadas. A mais significativa das novidades é o espinetoramo o mais recente membro da família das espinosinas, descobertas e desenvolvidas ao longo da década de 80; o nome comum desse novo composto é espinosade em português. A origem teria sido uma amostra de terra coletada do solo de uma destilaria de rum abandonada, localizada numa ilha não identificada do Caribe por um químico da Dow AgroScience em férias. Do material recolhido, isolou-se um fungo actinomiceto, então denominado Saccharopolyspora spinosa, cujo caldo de cultura rendeu extratos que demonstraram atividade contra larvas da mariposa Spodoptera eridana. Uma versão de uso veterinário do espinosade, para controle de pulgas em cães, está em fase de licenciamento no Brasil, possivelmente sob o nome Confortis, por iniciativa da Elanco, divisão da Eli Lilly. A indústria farmacêutica detém direitos sobre o produto pelo fato de a Dow AgroScience, que agora pertence exclusivamente à Dow Chemical, ter sido fundada na forma de joint venture entre esta e a Lilly, em 1989. As espinosinas diferenciam-se de outros pesticidas com ascendências naturais, como neonicotinóides (bloqueio da atividade nicotínica no sistema nervoso central), avermectinas (bloqueio de canais de cloro) e piretróides (bloqueio de canais de sódio) pelo mecanismo de ação que estimula o receptor colinérgico nicotínico, cuja ativação inicia uma sequência de eventos acarretando a morte de insetos. O defensivo mostrou atividade contra insetos das ordens Lepidoptera, Diptera, Thysanoptera, cupins (Isoptera), formigas (Hymenoptera) e alguns coleópteros (besouros). O espinosade é um biocida de ação relativamente rápida, o inseto morrendo dentro de um ou dois dias depois de ingerir o composto, cuja taxa de mortalidade aproxima-se de 100%.
Outra gigante do setor, a Bayer CropScience, já está tirando do forno um novo composto, o espirotetramato , em testes desde 2007, a partir de sua estreia na Tunísia. Descendendo de dois derivados de ácido tetrônico, (espirodiclofeno e espiromesifeno), o novo defensivo mostra-se letal para insetos sugadores em plantas, a exemplo do pulgão Aphis gossipii e da mosca branca, Bemisia tabaci, que assolam culturas de algodão. Ainda não há notícias sobre seus possíveis usos contra pragas urbanas.
Já a BASF PlantScience, por sua vez, está em fase avançada de registro em muitos países, de sua nova molécula, a metaflumizona, a qual parece ser o defensivo em estágio de licenciamento mais adiantado, tendo emprego autorizado em países europeus como Alemanha e Áustria. Estruturalmente é uma semicarbazona cujo ativo exerce um ação que envolve o bloqueio de canais de sódio dependentes de voltagem nos insetos, decorrendo uma paralisia relaxada, de forma semelhante à produzida pelo inseticida oxadiazínico indoxacarb, com o qual apresenta semelhança estrutural. Enquadrado entre os inseticidas “verdes”, em razão da sua baixa toxicidade (DL50 = 5.000 mg/kg), o novo produto apresenta vocação antiectoparasitária, sendo comercializado em formulações veterinárias para controle de longo prazo de pulgas, ácaros e carrapatos.
Salvo erro ou omissão, esse é o quadro momentâneo, mas vou ver se descubro mais alguma coisa por aí, certo Hipólito?