quarta-feira, 31 de agosto de 2011

CHEGAMOS ÀS 30.000 VISITAS! É MOLE?

Caramba! E não é que já recebemos 30.000 visitantes no blog do Higiene Atual! Eu disse que só voltaria ao assunto quando chegássemos a essa marca, pois aqui estamos. A essa comemoração, quase não testemunho (esconjuro!) e por isso tem um sabor especial. Nosso contador “dedo duro”, aquele programinha que nos conta on line de onde estão acessando e em que momento isso ocorre (vide na coluna à esquerda), nos informa que o blog recebe visitantes dos mais diferentes Estados brasileiros e também do exterior; tudo muito às claras e com transparência para que ninguém duvide. Nosso programinha de mensagens curtas (interativo) continua recebendo manifestações e sugestões de temas de nossos leitores (coluna igualmente à esquerda da tela principal). Enfim, nosso blog continua atendendo aos objetivos para os quais foi criado: um canal aberto com profissionais controladores de pragas e interessados em temas similares. Que bom!
Grato a todos que nos têm visitado. Volto a comemorar só quando chegarmos a 40.000 visitas, OK?

domingo, 28 de agosto de 2011

QUANDO SE TRATA DE COMER, OS RATOS SEGUEM SEU OLFATO


Adoro o cheiro inebriante de um cafezinho sendo preparado, até mais que seu gosto. Será que se eu não sentisse cheiros os gostos seriam iguais ao que sinto hoje? Até que ponto o gosto depende do olfato? Essas perguntas estão sendo feitas pelo pesquisador Don Katz, um professor de psicologia e neurociência, e sua equipe, ao investigar um curioso comportamento de ratos. Segundo o professor Katz, os ratos escolhem o que preferem comer (quando há mais de uma opção) a partir do odor exalado pelo hálito de outros ratos. Isso é verdade mesmo quando os ratos são confrontados com gostos muito amargos como o cacau in natura, um alimento que usualmente não lhes interessa. Como os ratos são animais sociais, o experimento está sendo conduzido em condições de laboratório, mas os pesquisadores assumem que o mesmo comportamento ocorra em vida livre.
O experimento consiste em uma sessão chamada de “treinamento” e outra chamada de “teste”. Na primeira parte, um rato é colocado na presença de outro rato que acabara de comer certo alimento; o primeiro rato era então colocado frente a diferentes alimentos e ele sempre ia comer o que havia cheirado no hálito do segundo rato. Mas se após exposto ao hálito do que havia comido o alimento, o rato “cheirador” tinha seu senso de olfatar suprimido (através de uma pequena incisão no córtex cerebral isolando o centro primário do olfato), ele buscava qualquer alimento indistintamente. Todavia, quando o centro desativado era o do gosto, o rato seguia buscando aquele alimento que anteriormente havia sentido no hálito do rato que havia se alimentado.
O prof. Katz afirma que esses estudos ajudarão a compreender melhor a inter relação entre olfato e paladar no ser humano, já que uma série de intercorrências afetam o sentido do olfato em pessoas.
Enquanto isso, nós, os controladores de pragas, aprendemos um pouquinho mais sobre a neurofisiologia dos roedores, não é?

terça-feira, 23 de agosto de 2011

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR DA BARATA SURINAMENSE (Pycnocelus surinamensis)?


Há alguns anos atrás, ainda no tempo em que o Higiene Atual era um periódico impresso (do qual fui o Editor) editado e distribuído por um laboratório produtor de biocidas onde trabalhei por muitos anos, a bióloga Lucy Ramos Figueiredo (atual Diretora Técnica da ABCVP), alertava sobre a entrada no Brasil de uma então nova espécie de barata, a Pycnocelus surinamensis, a barata surinamense. De lá para cá, ainda que nenhum estudo específico tenha sido efetuado em nosso país, escuta-se muitos relatos de profissionais controladores de pragas de diferentes regiões do país descrevendo, com dúvidas, a ocorrência de uma certa barata infestando caracteristicamente alguns clientes. Então vamos fazer um rápido resumo dessa barata, até para que os leitores possam identificá-la e combatê-la corretamente.
A barata surinamense é uma comedora de plantas e raízes que escava o solo para se esconder ou se mistura ao lixo na superfície. É capaz de atacar diferentes tipos de plantas no jardim e nos vasos ornamentais, entrando dessa forma no interior de residências e outros estabelecimentos. Embora não seja uma barata que possa ser considerada estritamente uma praga, a barata surinamense representa um incômodo nas dependências onde haja plantas ornamentais. Por não ser muito comum, frequentemente é confundida com a barata de esgoto (P.americana) ou mesmo com a barata oriental (B.orientalis). Essa espécie é de tamanho moderado (18 a 25 mm de comprimento), com asas que se estendem além do corpo; seu pronoto (a parte anterior do corpo) é escuro e as asas têm um tom ligeiramente esverdeado. Suas ootecas são guardadas pelas fêmeas dentro do corpo até o momento da eclosão (ela produz até três ootecas com aproximadamente 26 ovos em cada uma); as ninfas alcançam a maturidade em mais ou menos 140 dias e depois de adultas, vivem cerca de 307 dias.
Não se sabe muito ainda sobre a biologia da barata surinamense, mas há coisas interessantes a observar. Uma delas: até hoje nunca foi descoberto um macho nessa espécie, o que sugere fortemente que ela seja partenogenética, isto é, a fêmea reproduz-se sozinha, como ocorre nos escorpiões amarelos (Tytius serrulatus). Têm hábitos noturnos e dão extensos passeios antes de voltar a seus abrigos para passar o dia. Sabem quem a descreveu cientificamente? Carlos Lineu, aquele! Danado!
Felizmente são sensíveis a qualquer tipo de inseticida empregado usualmente contra baratas. Vasos com plantas ornamentais devem ser adequadamente tratados e lixo solto deve ser removido nos ambientes infestados pela barata surinamense.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

OLHA SÓ: ANTIBIÓTICO NO COMBATE A CUPINS!


Há muitos cientistas pesquisando novos compostos e abordagens para o controle de pragas no mundo inteiro. Só isso já nos dá uma ideia de quão importante esse tema se tornou, mobilizando milhões de dólares por ano. Algumas dessas pesquisas não levam a lugar nenhum e nem chegam a ser divulgadas. Outras, todavia, parecem ser promissoras e ganham certo destaque na mídia e nos círculos técnicos.
A revista científica ScienceDaily, edição de 19 de julho último, trouxe uma nota muito interessante citando um trabalho veiculado pelo jornal Applied and Environmental Microbiology, edição também de julho/2011, 77 (13), de autoria dos pesquisadores R. B. Rosengaus, C. N. Zecher, K. F. Schultheis, R. M. Brucker e S. R. Bordenstein, cientistas da Universidade Northeastern de Boston, Massachussets.
Como sabemos, a flora bacteriana do trato digestivo dos cupins é absolutamente necessária tanto para processar a digestão da celulose, quanto para sua reprodução.
Aliás, essa flora dos cupins é sempre citada como o caso mais clássico de simbiose da Natureza (onde os dois seres tiram proveito mútuo). Pois bem, um grupo de cientistas pensou em estudar o que aconteceria se essa flora bacteriana fosse eliminada. Queriam saber se dando algum antibiótico aos cupins, algum que fosse eficaz na eliminação das bactérias existentes no trato digestivo dos cupins, o que ocorreria com esses cupins. Parece uma ideia interessante, não parece? Sugere que certas novas tecnologias possam advir dessa pesquisa para controlarmos insetos sociais como os cupins.
A Dra. Rebecca Rosengaus, porta voz do grupo, conta que a um grupo experimental de cupins (reis e rainhas), foi dado o antibiótico rifampina, enquanto a outro grupo, atuando como grupo testemunha, foi dado apenas madeira e água. O tratamento com o antibiótico reduziu em caráter permanente a diversidade das bactérias microbiontes do trato digestivo dos cupins. Embora a taxa de mortalidade nesse grupo fosse mais alta que no grupo testemunha, os pesquisadores não acham que isso se deu devido subnutrição ou mesmo desnutrição. O que observaram é que nos indivíduos sobreviventes, ocorreu queda na oviposição, o que resultou em retardo no crescimento da colônia e também redução do estado de saúde dessa colônia. “Esses resultados apontam para o potencial uso de antibióticos no controle de cupins e talvez outros insetos pragas, ao invés do emprego de compostos químicos agressivos ao ambiente”, diz a Dra Rosengaus. Ela ainda especula que a rifampina reduziu a fertilidade e a longevidade dos cupins tratados, ao desequilibrar a balança ideal das diferentes espécies de bactérias do trato digestivo que atuam na digestão da celulose, mas também na reprodução dos cupins. Ela ainda especula sobre o ainda desconhecido verdadeiro papel da flora digestiva de outra espécie social: os seres humanos!
Está aí, portanto, uma nova vertente de estudos e quem sabe, um dia, não venhamos a aplicar... antibiótico para controlar cupins!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

QUEM É O PROFISSIONAL CONTROLADOR DE PRAGAS?



Certa vez, há muito tempo atrás, estou falando possivelmente cerca de 13 ou 15 milhões de anos atrás, um milhão a mais ou um milhão a menos, um grupo de humanóides, nossos antepassados primitivos, encontrou um temível tigre de dentes de sabre preso dentro de um buraco onde havia caído e donde não conseguia sair. O grupo exultava, pois ali estava um bocado de alimento disponível, bastando abater o poderoso animal. Lá no meio desse grupo, um tátara-tátara-arqui-avô nosso, não viu só isso. Ele viu uma maneira de capturar outro tigre ou outro animal que pudesse se transformar em alimento para o grupo. Tentando, errando, corrigindo, novamente tentando e ele finalmente conseguiu montar uma armadilha razoavelmente bem sucedida. Virou celebridade instantânea na tribo! Teria sido ele o precursor dos atuais profissionais controladores de pragas? Gosto de pensar que sim.
Vamos dar um extraordinário salto na história. Já é a primeira metade do século passado, o século XX. A civilização havia avançado incrivelmente, os conhecimentos, o saber, as cidades já haviam se organizado, as classes sociais se estratificaram, a evolução sócio/econômica/cultural havia progredido de maneira notável. As descobertas científicas aconteciam quase que diariamente e os jornais e revistas se encarregavam de divulgar os novos acontecimentos. Já havia o conceito de pragas mais ou menos estabelecido há alguns séculos. No campo, eram os animais (insetos ou mamíferos, em princípio) que atacavam as lavouras produtoras de alimentos e os depósitos de armazenagem após sua colheita. Nas cidades, eram todos os “bichos” que adentravam às nossas casas, armazéns, depósitos, estabelecimentos e indústrias e nos causavam toda sorte de problemas. O que não existia era um combate razoavelmente bem sucedido. Nessa altura, desde o século anterior, a sociedade começou a desejar que existisse um profissional capaz de aliviar a pressão das pragas em todos os sentidos. Obviamente não demorou muito para que surgisse um tipo de profissional que se dedicasse a esse nicho de mercado. Tendo adquirido alguns conhecimentos técnicos nos ainda poucos escritos da época e armado de artefatos, ervas e certos pós minerais ou orgânicos, lá ia nosso precursor se propondo a controlar pragas infestantes em diferentes tipos de locais. Tarefa ingrata, pois os resultados nunca eram satisfatórios. Na verdade, nosso amigo era em certas comunas, considerado um cidadão de segunda classe, posto que para exercer seu trabalho, tinha que se meter em esgotos, porões e outros locais onde a maioria das pessoas passava longe e torcia o nariz. E ele fazia o que podia usando as armas que dispunha; os inseticidas eram à base de infusões de tabaco, extratos de rotenona, certos compostos minerais como o tálio, o arsênico, o ácido bórico e outros compostos de risco e resultados duvidosos. Às vezes dava certo, às vezes não.
Já por volta de 40 a indústria química buscava compostos orgânicos sintéticos que fossem capazes de eliminar pragas da lavoura, uma vez que a demanda por alimentos havia crescido enormemente e grande parte das colheitas eram destruídas por determinadas pragas infestantes. Finalmente, em 1938, foi descoberto o famoso DDT que, na verdade, havia sido sintetizado 10 anos antes na Suíça, mas que ficara esquecido em alguma gaveta. Esse novo composto abria uma nova e incrível era no combate e controle das pragas na lavoura e, por extensão, nas cidades. Finalmente tornou-se possível praticar um controle efetivo e consistente. Na esteira do sucesso do DDT vieram outros inseticidas organoclorados como o BHC, o eldrin e o dieldrin. O profissional controlador de pragas ganhou um novo alento e, afinal, um status social alavancado pelo desejo crescente da sociedade em se livrar de certas pragas com as quais era obrigada a conviver até então. Naturalmente a lavoura agradeceu, a saúde pública agradeceu e o cidadão comum agradeceu. Vieram depois os organofosforados menos agressivos ao ambiente, os carbamatos, e os piretróides e os IDIs, sem esquecer os warfarínicos tão efetivos e eficazes no combate aos roedores. Ao mesmo tempo, os conhecimentos sobre os mais diferentes aspectos da biologia, bioquímica e o contexto das pragas nas biocenoses e ambientes, evoluíam de forma galopante.
E assim chegamos a nossos dias atuais. O profissional controlador de pragas passou a ter um papel exclusivo dentro do contexto social. O que temos hoje em todo o mundo? Empresas de todos os portes e tamanhos militando nessa especialidade profissional com grande sucesso comercial, algumas delas com base familiar e outras como negócio comercial, formando uma verdadeira indústria potencialmente geradora de milhões de dólares e dando empregos a um incontável número de profissionais de diferentes tipos. Quem é afinal, o profissional controlador de pragas? É apenas o operador que coloca um equipamento às costas e sai aplicando certos compostos químicos para onde é chamado? Negativo! É também o atendente telefônico que passa oito horas por dia recebendo os chamados e lidando com a clientela e é seu colega que organiza os chamados e prepara os roteiros das equipes. É o chefe da equipe de campo que a acompanha preparando tudo para que o tratamento possa surtir resultados. É o Responsável Técnico sempre preocupado com as operações e buscando novos conhecimentos. É a secretária e demais componentes da equipe administrativa da empresa. É o atarefado comprador, o contador e o almoxarife. É o porteiro e a faxineira. E é também o gerente e até o próprio dono da empresa. Todos são profissionais controladores de pragas. Juntos, lutam diariamente para manter seus negócios, mas ao mesmo tempo propiciando uma melhor qualidade de vida para sua clientela ao criar ambientes de moradia ou de trabalho livres de pragas ou com seus níveis sob controle. Preservam a saúde do ser humano, melhoram o bem estar das pessoas.
E olhem, se precisarem adentrar a uma rede de esgotos ou algum porão escuro, o fazem sem medo, pois o conhecimento técnico e especializado que adquiriram, os protegem!