quarta-feira, 26 de maio de 2010

21 RECOMENDAÇÕES AO OPERADOR PARA FAZER A EMPRESA PERDER UM CLIENTE



1. O operador (se possível todos os operadores de uma equipe) deve apresentar-se ao cliente com os sapatos muito velhos e desgastados ou tênis sujos.
2. Se seus sapatos estiverem com as solas sujas, não se preocupe em limpá-las antes de entrar na casa do cliente.
3. Use um uniforme manchado ou vá com uma camisa desabotoada no peito.
4. Não se barbeie por um ou dois dias.
5. Atrase-se no compromisso marcado e não telefone avisando que vai se atrasar.
6. Não se desculpe por ter atrasado.
7. Tente chegar justamente no horário de refeição da família.
8. Deixe seu veículo destrancado, principalmente se houver crianças por perto.
9. Bloqueie com seu veículo a garagem do cliente.
10. Caminhe diretamente sobre a grama do jardim para chegar à porta do cliente.
11. Toque de maneira repetida a campainha, demoradamente.
12. Chegue à porta com um cigarro dependurado nos lábios.
13. Não cumprimente o cliente, apenas grunha.
14. Vá executar o serviço com um pulverizador todo amassado, enferrujado ou sujo.
15. Pareça aborrecido quando estiver trabalhando.
16. Não percorra previamente a área a ser trabalhada junto com o cliente, apenas comece a executar o serviço.
17. Não explique nada ao cliente sobre o que está fazendo e porquê; nada fale sobre as precauções que devem ser tomadas.
18. Encha seu pulverizador na banheira do cliente e saia respingando tudo e também deixe o bico babando o tempo todo.
19. Descanse seu pulverizador bem no meio da sala sobre o carpete ou, de preferência, sobre um tapete de valor.
20. Não se dirija ao cliente pelo nome e aja como se não soubesse como ele se chama. Use chamativos como: minha querida, meu caro, minha amiga ou qualquer outro epiteto íntimo.
21. E, finalmente, se você tiver que falar, comente como é desagradável seu trabalho, como seu patrão é miserável, como você ganha pouco, etc. Ah! Não se esqueça de usar alguns palavrões aqui ou ali no meio da fala. Especialmente se houver mulheres presentes!

(Esse artigo foi publicado no periódico impresso Higiene Atual em abril de 1993)

terça-feira, 25 de maio de 2010

REVISTA DA ABCVP 24


Saiu a edição no. 24 da revista da ABCVP – Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas, uma revista especializada voltada para temas de interesse dos profissionais controladores de pragas. Nesse número, abriram um espaço para este blogueiro e publicamos um ensaio denominado “SOBRE DINOSSAUROS E ROEDORES”, fugindo um pouco ao lugar comum quando se fala sobre roedores. Aliás, esse número da revista é dedicado a esse tema. Em nosso ensaio, procuramos as origens evolutivas dos roedores desde os tempos ancestrais, dentro da linha darwiniana de pensamento (evolução das espécies). Aliás, já vou adiantando, esse ensaio é uma espécie de sumário de um capítulo do meu próximo livro sobre roedores, sendo ainda escrito, mas em fase final; penso que poderá ser publicado em 2011. Gostei de ter escrito esse ensaio; quem sabe o leitor deste blog possa também gostar de lê-lo. Para quem ainda não sabe, uma assinatura da revista pode ser adquirida a partir do próprio site da Associação: www.abcvp.com.br/revistas.html

MENSAGENS NO BOX


Para deixar sua pergunta em nosso "box" siga as instruções ao lado.
Tentarei responder todas as dúvidas no box ou em um "post" quando o assunto for pertinente e a resposta muito longa.
Se preferir, deixe comentários nos próprios posts.
Obrigado.




sexta-feira, 21 de maio de 2010

REVISÃO TÉCNICA: BARATAS III


Esta já é a terceira parte da revisão sumária que nos propusemos postar no Higiene Atual; portanto, quem não fez, sugiro ler antes as partes I e II.
Qual seria o nível tolerável de baratas em uma cozinha comercial, por exemplo? Nível zero, seria a resposta correta! A presença de baratas em uma cozinha de um restaurante, ou de uma indústria, é absolutamente inadmissível e não me venha com churumelas dizendo que é “impossível” erradicar as baratas de uma cozinha, que temos que aprender a conviver com elas e outros babados semelhantes. Conversa mole pra boi dormir! Tolerância zero é o objetivo de qualquer empresa controladora de pragas que se preze. Não estou dizendo que vai ser fácil, apenas digo que é possível sim, atingirmos níveis de controle absolutos de baratas em cozinhas comerciais e industriais. Temos armas e temos o conhecimento para tanto. As queixas dos profissionais que não alcançam esses níveis são as mais variadas, algumas até explicam, mas não justificam. É porque o proprietário não toma conhecimento do problema, é porque os azulejos estão quebrados, é porque eles lavam a cozinha todos os dias removendo os inseticidas aplicados, é porque os empregados da cozinha não preparam o ambiente previamente para que se possa tratar a cozinha corretamente, blá, blá, bla... Ora essa, uma empresa que se propõe assumir a responsabilidade de assinar o controle de pragas pelo estabelecimento, não pode curvar-se às adversidades e dificuldades, aliás bem típicas de nosso negócio, não é? Adaptação, criatividade e informação são as chaves para mudar um quadro adverso que esteja obstaculizando nosso trabalho.
Por que a barata alemanzinha é tão difícil de ser controlada na cozinha de um restaurante ou em uma lanchonete, por exemplo? Bem, lanchonetes, bares, padarias, rotisserias, restaurantes, cozinhas industriais e outros estabelecimentos assemelhados apresentam muitos aspectos em comum que facilitam sobremaneira a livre instalação e proliferação de baratas. Lembram-se do quadripé vital da biologia das baratas? Água – alimento – abrigo e acesso. Está tudo lá! Antes de qualquer outra discussão: quanto pior for a higiene do local, maior será a probabilidade de sobrevivência das baratas. A presença combinada de sujeira, restos alimentares, capas de gordura em maquinários e utensílios, altas temperaturas, umidade e completa falta de um programa de controle, são fatores que facilitam sobremaneira a intensa proliferação das baratas nesses locais. De seu quadripé biológico, qual o fator mais importante para as baratas em uma cozinha? Nas cozinhas comerciais e industriais, água e alimento são os fatores mais comuns e difíceis de serem equacionados, pelo próprio tipo de trabalho que ali é desempenhado, por mais limpo que seja esse ambiente. Um simples pedaço de pão esquecido atrás de uma geladeira já é suficiente para alimentar um séqüito de baratas durante um bom tempo e água, existe à vontade. Portanto, parece-nos que o pé de apoio mais frágil seria o abrigo, os esconderijos dessa população de baratas infestantes de uma cozinha. É por aí que devemos começar. Temos que demonstrar ao nosso contratante os problemas fundamentais representados pela existência de abrigos para baratas em uma cozinha e que se isso não for completamente corrigido, não conseguiremos entregar o que foi contratado. Eu sei que o proprietário ou o gerente tem mil outros problemas para resolver e talvez dê pouca atenção a nossos reclamos, mas temos que insistir nesse aspecto. Uma boa câmera fotográfica digital pode operar maravilhas na cabeça de nossos contratantes! Não esmoreça. Outra coisa, há que convencê-los que a limpeza úmida profunda, com água, sabão, escovões e mangueiras, deve ser executada antes que apliquemos os inseticidas, óbvio! Depois do nosso trabalho, só um pano úmido para remover respingos indesejáveis e nada mais, por um certo tempo.
Que métodos podemos utilizar para eliminar as infestações já existentes? Pulverização de calda inseticida ou iscas baraticidas? Essa é uma decisão de cada empresa, já que os dois métodos podem levar a bons níveis de controle. Mas, se queremos algo melhor, se queremos chegar ao nível zero de infestação, além das medidas corretivas do ambiente a que nos referimos, é preciso atacar o problema de forma mais rígida e abrangente. Quero sugerir o tratamento combinado empregando pulverização e iscas. Eu creio que os tratamentos iniciais de uma cozinha infestada devam ser executados pela pulverização de calda inseticida (à escolha do profissional), com freqüência mensal ou quinzenal inicialmente, pela técnica de tratamento localizado, onde o operador vai injetar a calda em todos os pontos onde possivelmente baratas se escondam. Nessa técnica, deve-se usar bico em leque ou em agulha. Leva mais tempo, porém o resultado final é bem melhor que outras técnicas. Uma vez debelado o grosso da infestação, no momento em que os focos principais já tenham sido extintos è os secundários reduzidos, podemos entrar com a aplicação de baraticidas gel (prefiro mais que pastas), aplicados em pontos os mais frequentados pelas baratas. A cada três meses, voltar a tratar por pulverização para eliminar focos insurgentes. Alguns aspectos muito importantes devem ser observados na adoção desse método:
· É vital a recuperação das estruturas danificadas ou que estejam dando abrigo a baratas. Isso é fundamental e deve ser negociado com seu contratante.
· Se o ambiente não for higienizado de forma correta, fotografe e exiba a seu contratante como prova. Seja impiedoso nessa cobrança!
· Orientar seu contratante para que não permita a entrada livre de embalagens de mercadorias e alimentos diretamente para a cozinha. Tudo deve entrar somente em caixas plásticas para as quais os alimentos e mercadorias tenham sido transpostos em uma área externa qualquer.
· Nunca use tratamento espacial (termonebulização ou atomização) em uma cozinha, sob risco de contaminar tudo que lá se encontre.
· Acerte uma freqüência operacional de acordo com o grau de infestação encontrado a cada instante. Isso é necessariamente mutante e dinâmico.
· Selecione os inseticidas e baraticidas a serem empregados, pela qualidade. Não abra mão disso! Os resultados compensarão (e muito) um eventual maior custo aparente da matéria prima.
Certamente há outros métodos e técnicas que eventualmente poderão conduzir a bons resultados, não discuto. O que relatei, é minha opinião pessoal, nada mais. Boa caçada e bons negócios!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

PHOMOLACTONA – NUNCA HAVIA OUVIDO FALAR!

Nossa leitora Ivone nos enviou uma pergunta sobre o eventual uso da phomolactona, como inseticida biológico. Eu nunca havia ouvido falar e, bem por isso, me interessei. Andei dando uma pesquisada geral no tema e perguntei a uma especialista; quase nada encontrei, mas assim mesmo quero compartilhar o que achei com nossos leitores.
Ao que depreendi, a phomolactona é um dos metabólitos produzidos por certos fungos encontrados dentro de colmeias de abelhas, potencialmente responsáveis por uma ação antifúngica contra fungos patogênicos, quer dizer uma substância produzida por um fungo que tem ação contra outros fungos que podem causar doenças nas abelhas. Dessa forma, a colméia ficaria livre desses fungos patogênicos. O que é a Natureza, não? Mas, não há quase nada disponível na literatura científica sobre a tal phomolactona 4,5 (S)-[1-(1(S)-hidroxibutil-2-enil)]dihidrofuran-2-ona, exceto o que já citei. Não sei de onde nossa amiga Ivone tirou essa informação e confesso minha ignorância nesse tema. Contudo, a menos que eu esteja profundamente desinformado, a phomolactona pode ter ação antifúngica somente, não causando qualquer problema aos insetos. Raciocinemos juntos: se a phomolactona fosse deletéria aos insetos, não seria produzida no interior de uma colméia, certamente! Mas, como nada sei sobre esse tema, melhor me calar do que falar bobagem.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

REVISÃO TÉCNICA: BARATAS - PARTE II

Retomando nossa sumária revisão do tema Baratas (para os leitores que estão acessando o blog pela primeira vez, a Parte I deste tema está logo aí abaixo; sugiro sua leitura antes de ler este post), das mais de 4.000 espécies distintas de baratas já descritas cientificamente (e provavelmente outro tanto jamais observadas), como dissemos anteriormente, apenas umas poucas se aproximaram do convívio com o homem nos núcleos e centros urbanos. No Brasil, não mais de três ou quatro espécies percorreram esse caminho, a começar pela notória barata alemanzinha (Blatella germanica), também chamada de francesinha ou mesmo paulistinha, devido à alternância de bandas escuras e claras longitudinais no seu pronoto (o escudo protetor da nuca, sob o qual a cabeça está fletida), lembrando as listras da bandeira francesa ou paulista, como queiram; também é chamada de germânica, obviamente devido ao seu nome científico. Na verdade são apenas duas faixas escuras sobre um fundo mais claro. As baratas alemanzinhas adultas não medem mais que 1,5cm de comprimento; cor marrom em diferentes tons, mas os machos são mais claros que as fêmeas e as ninfas são bem escuras; produzem proles o ano inteiro, o que é favorecido por ambientes úmidos e com temperatura ambiente acima de 21°C (ex; cozinhas); a fêmea carrega consigo a ooteca (estojo de ovos) durante todo o tempo de maturação das pequenas ninfas em seu primeiro estádio e só a deixa quando a ooteca está pronta para eclodir liberando em torno de 30 a 40 ninfas, podendo chegar a 48 ou 50. Cada fêmea pode produzir cerca de 4 a 5 ootecas ao longo de sua vida que dura em torno de 200 dias. Preste atenção nessa fantástica capacidade de reprodução e o leitor vai descobrir por que controlá-las não é tarefa fácil. Todas as baratas são insetos de desenvolvimento por metamorfose incompleta (ovo-ninfas-adulto) e, segundo Noland (1949), a barata alemanzinha pode ir de ovo à adulta em cerca de 36 dias (temperatura ambiente de 30°C); contudo, a média em condições normais (27°C com 40% de umidade relativa do ar), oscila em torno de 50 a 60 dias. A B.germanica não aprecia viver a céu aberto, mas sob certas circunstâncias pode ser encontrada no peridomicílio. Em 1982, o conhecido especialista Frishman, o americano que algumas vezes já esteve no Brasil encantando-nos com suas animadas palestras sobre baratas, relatou haver encontrado uma pesada infestação de baratas germânicas no interior de um grande e velho aparelho de rádio no vestíbulo de um dos andares de um hospital, onde não havia qualquer fonte de água em um raio de 18m; depois de muito investigar, descobriu, conversando com o pessoal do hospital, que as baratas aproveitavam a noite para matar a sede na urina produzida por pacientes que não podiam conter a micção! Grande Frishman esse, muito criativo... alem de ótimo palestrante!
As baratas alemanzinhas são, como as demais baratas, de hábitos noturnos e evitam grandes movimentos durante o dia; costumam esconder-se em grandes grupos em lugares sempre próximos à fonte de alimento e umidade, o que faz da cozinha seu habitat predileto. Seus alimentos preferenciais são fermentados e resíduos de bebidas que fermentem (leite e cerveja). Baratas adultas podem viver até um mês sem alimentos, desde que não falte água, mas morrem em duas semanas sem ela. Qualquer rachadura nas paredes, vãos entre azulejos mal rejuntados, azulejos quebrados, buracos, fendas, gretas em cozinhas residenciais, comerciais ou industriais, são pontos de eleição para seus abrigos.
A segunda espécie sinantrópica de importância em nosso país, é a barata americana (Periplaneta americana) também chamada de barata dos esgotos (já perceberam, não!), cujos fósseis mais antigos datam de 6 ou 7 milhões de anos atrás, encontrados em cavernas ao lado de utensílios domésticos ancestrais. Essas danadas têm o péssimo hábito de voar e o fazem muito bem e alto (podem entrar por janelas abertas em prédios de 10 ou 12 andares), daí ganhando também o nome de baratas voadoras. Quem já escutou uma barata americana em pleno vôo, não se esquece jamais, pois parece um minihelicóptero; além do que, ela quase sempre termina seu vôo nos cabelos ou nos braços de alguma pessoa! É ruim, hem! É a maior das espécies domésticas podendo atingir até 5cm de comprimento; os machos são um pouco menores. De cor marrom-pinhão, têm uma característica banda amarela circundando o escudo protetor da cabeça e têm quatro asas, duas pesadas de proteção e sob estas, duas bem mais finas para vôo. Ao contrário das alemanzinhas, logo que forma a ooteca (estojo de ovos), a barata americana a deixa em algum ponto protegido e colada à superfície através de uma substância pegajosa produzida pela mãe. Depois de aproximadamente 38 a 49 dias (dependendo das condições ambientais de temperatura e umidade) a ooteca eclode liberando de 6 a 16 ninfas (média de 9); a barata americana pode produzir cerca de 90 ootecas durante sua vida que pode chegar a 2,5 anos. Preferem habitar lugares quentes, úmidos e escuros (ex: rede de esgotos, porões, caixas de gordura, fossas, ralos e drenos, embaixo das pias e ao redor de canos de água, armários de cozinha, etc. Foi considerada o inseto mais rápido da Natureza. São fascinadas por líquidos fermentados (dica: pão com cerveja é uma isca irresistível!). Os escorpiões fizeram dessa barata, seu alimento preferencial nas cidades.
A terceira espécie sinantrópica mais prevalente em nosso país é a barata oriental (Blatta orientalis) que não consegue voar porque suas asas são muito curtas; nas fêmeas são tão curtas que o terço distal do abdômen fica exposto, o que nos permite identificar essa espécie facilmente. Das espécies domésticas, é mais vagarosa e menos cautelosa, expondo-se com freqüência. Vive em grandes grupos misturados entre adultas e ninfas e são muito encontradas em monturos de lixo e esgotos. Têm cor marrom bem escuro e medem cerca de 3cm de comprimento. A fêmea carrega sua ooteca por cerca de 30 horas para depois depositá-la em lugar quente e protegido, sempre próximo a uma fonte de água. No interior da ooteca, 16 ovos se desenvolvem por um período aproximado de 42 a 81 dias, dependendo das condições ambientais. A fêmea pode produzir cerca de 18 ootecas ao longo da vida que termina em torno dos seis meses. Essa espécie é a que causa mais repulsa porque seu contato corporal com a pele das pessoas é total (as fêmeas encostam seu corpo inteiro na superfície onde param) e seus movimentos são lentos. Quem já passou por essa experiência, não se esquece!
Há ainda mais uma espécie a citar, a Pycnoscellus surinamensis, a barata do Suriname, uma espécie não autóctone que está entrando em alguns pontos de nosso país. Alimenta-se principalmente de raízes (atenção aos vasos ornamentais no interior das residências!).
OK, agora podemos pensar em abordar a questão do controle das baratas domésticas. Só pensar, porque comentar fica para um próximo post! Não perca neste mesmo batblog!











quinta-feira, 13 de maio de 2010

REVISÃO TÉCNICA: BARATAS - PARTE I

A julgar pelo volume de solicitações que recebemos após a postagem da Revisão Técnica Pulgas, parece que a forma (e/ou o conteúdo) agradou a nossos leitores. Então, para que não se diga que não falei de flores, aqui vai outra revisão, agora sobre as baratas. É resumo, mas mesmo assim vamos ter que dividir em partes e ir postando aos poucos, porque o assunto é vasto, grande mesmo!
Sabem qual a idade das baratas em nosso planetinha? Apenas 350 milhões de anos. Os hominídeos mais antigos datam em torno de 13 milhões de anos, mais ou menos (sabemos disso pela datação dos fósseis já estudados); quer dizer, as baratas já estavam na Terra muito tempo antes do surgimento da espécie humana, tal como a conhecemos. Eu diria que estão bem mais evoluídas que nós! São mais de 4.000 espécies de baratas que já foram cientificamente descritas em todo o globo, embora apenas uma meia dúzia acabou se sinantropizando (vivendo em torno do homem) e nos causando muitos problemas. Até hoje os estudiosos discutem onde seria a origem das baratas, mas a voz corrente é que provavelmente se originaram em regiões tropicais onde predominam o calor e altos teores de umidade ambiental. Eles também concordam ao dizer que a época onde as baratas mais se disseminaram em toda a Terra, foi na época das grandes navegações e descobrimentos, quando as espécies asiáticas e européias passaram a ser transportadas pelas caravelas, naus, bergantins, chalupas e assemelhados. Onde houvesse uma carga em um porão, as baratas também se acomodavam folgadamente. Porões fétidos, sem circulação de ar, úmidos por natureza, com alimentos mal armazenados para a marujada que ali mesmo fazia suas refeições, pratos e utensílios mal lavados, restos e migalhas por toda parte, um verdadeiro paraíso para as baratas. Sem inimigos naturais a bordo, proliferavam livremente aos montões. Desembarcavam nos portos no interior das caixas mal rejuntadas da carga, desciam ativamente pelos cabos de amarração das embarcações e encontravam um novo mundo pronto para ser infestado. Em terra firme, um porto imundo na maioria das vezes, casas e galpões insalubres, taperas comprometidas e esburacadas, esgotos a céu aberto (geralmente uma vala contínua no centro dos arruamentos), lixo doméstico por toda parte e pouca ou nenhuma noção e comprometimento com a limpeza por parte dos cidadãos da época. Foi provavelmente a época de ouro na história das baratas! Como se sabe hoje, as baratas são caçadoras vorazes de percevejos, principalmente os sugadores de sangue que teimam em se esconder em nossos colchões (hoje, esses percevejos –bedbugs- estão assumindo papel cada vez mais preocupante especialmente em países de clima mais frio). Em seu interessante livro Viagem (1885), E.Foster nos conta que ele e todos os demais passageiros a bordo de um navio passaram noites terríveis sendo sugados por verdadeiras hordas desses percevejos (Cimex lectularis), até que aportaram na Ilha de Santa Helena (aquela mesma que serviu de prisão exílio para Napoleão). Ali, junto com uma determinada carga, subiu a bordo um grande número de baratas americanas (Periplaneta americana) que, pouco tempo depois, havia crescido enormemente em número. A partir disso, o número de percevejos foi declinando até desaparecerem. Em 1969, Mallis confirmou em estudos laboratoriais que as baratas americanas eram violentas predadoras de percevejos, atacando-os e devorando-os, o que explicou o fato relatado por Foster quase um século antes. Bem, a barata não é tão boazinha como pode parecer. Na verdade ela está envolvida diretamente na disseminação de inúmeras bactérias, fungos e vírus, alguns patogênicos (causam doenças) ao homem e aos animais, embora até hoje não se tenha descoberto nenhuma doença onde a barata atue como vetor biológico. Centenas de estudos já ligaram as baratas a certas doenças como conjuntivites, gastroenterites, infecções urinárias, toxinfecções alimentares, gangrenas gasosas, infecções de ferimentos, pneumonias, alergias, certas verminoses, micoses, hepatites, amebíases, giardíases e a poliomielite, porque dentro ou fora de seus corpos já foram encontrados os agentes causais dessas doenças. Chega ou querem mais?
São onívoras (comem qualquer tipo de alimento), mas preferem alimentos amiláceos como os cereais em todas as suas formas, alimentos adocicados ou açucarados e derivados do leite. Na sua dieta, figuram queijos, cerveja, couro (como o dos sapatos, roupas, cintos e móveis), cabelos, papel de parede, papéis em geral, selos postais, cola de caixas de papelão e qualquer matéria orgânica em decomposição (isso inclui cadáveres, naturalmente); gostam de frutas, especialmente as carnudas como as bananas, mangas, mamões, abacaxis e morangos. Todavia, não se contentam em nos roubar alimentos. Elas tem o péssimo hábito de anunciar sua chegada e passagem através de um odor execrável e nauseabundo, alem de deixar uma grande quantidade de fezes atrás de si. Esse odor repugnante para a maioria das pessoas, é resultante da combinação de seus excrementos com um fluido secretado por suas glândulas abdominais de cheiro, mais um outro fluido escuro regurgitado quando estão se alimentando. Quanta porcaria junta, não?
No mundo atual, as baratas acabaram encontrando novas maneiras de nos aborrecerem. Esses fluidos corporais a que nos referimos, atacam e oxidam rapidamente circuitos impressos, cabeças de leitura ótica e fios de diferentes aparelhos eletro-eletrônicos. Equipamentos de som e computadores são suas vítimas cotidianas.
Bem, o tamanho da encrenca já está mais ou menos delineado. Os leitores já tem bastante munição para explicar a seus clientes o perigo potencial das baratas. Podemos ver agora as espécies sinantrópicas predominantes em nosso país. Agora não, porque este post já está grande demais. Em alguns dias continuamos, certo? Não percam a Parte II.

sábado, 8 de maio de 2010

FIQUEI INJURIADO!

Estava fora de minha residência em São Paulo para onde voltei recentemente a fim de tratar de assuntos particulares. Chego no prédio onde resido e, afixado no porta avisos dentro do elevador, uma cópia de um certificado de controle de pragas emitido por uma certa empresa paulistana salta aos meus olhos. Havia sido executada uma operação de desratização nas áreas condominiais e o tal certificado, dentro das regras, fornecia alguns dados pertinentes. Li e fiquei injuriado, irritado mesmo!
O que eu li, mais uma vez me dava conta de como certas empresas controladoras estão despreparadas para executar adequadamente sua atividade laboral. Assinava o certificado um responsável técnico (nem vou lhes contar a que profissão pertence nosso coleguinha), mas não pude deixar de imaginar que esse profissional deveria ser chamado de “irresponsável técnico”.
Começando pela garantia dada pela empresa: seis meses! Vou repetir: seis meses! Claro, é uma garantia meramente comercial, sem nenhuma base técnica e os riscos envolvidos nessa garantia são de responsabilidade da empresa. Fui informado que a empresa executou apenas uma operação e não a repetiu como tecnicamente seria correto e indicado, embora tivesse se comprometido, de boca, a fazê-lo; disseram que voltariam em alguns dias “para ver como estavam as coisas”! Ainda que tenha executado o serviço empregando raticidas de dose única, certamente deveria voltar dentro de uma semana, talvez até uma terceira operação em mais sete dias, porque é certo que é impossível sabermos antecipadamente, quantos roedores estão infestando a área; e se alguns não conseguiram localizar e ingerir as iscas? Vão sobreviver ao tratamento único, certo? Bem, parece que a tal empresa ainda não sabe.
Olhei as informações dadas sobre os raticidas empregados. O que vi foi um amontoado de dados claramente destinados a leigos, pura “embromation”! Dizia que usaram três raticidas diferentes: isca (Klerat), bloco (Rodilon) e pó de contato (Racumin). Só que ao detalhar os produtos informaram que eram raticidas de três grupos químicos diferentes a saber: brodifacoum – classificado como cumarina; outro brodifacoum – agora classificado como benzotiopiranona e cumatetralil – classificado como hidroxicumarina. É ou não é “embromation”? Caramba, os três pertencem ao mesmo grupo químico: 4-hidroxicumarinas e ponto final! Acho que a empresa queria impressionar exibindo uma diversidade de “grupos químicos” para mostrar tecnologia, conhecimento científico ou qualquer outra presunção parecida. Sim, o certificado apontava como antídotos a vitamina K para dois deles e a vitamina K1 para o outro. Dá para comentar?
Foi pena que eu não estivesse antecipadamente presente, pois essa propostinha não passaria. Jamais! Tanta empresa boa, confiável, de bom nível técnico em São Paulo e meu condomínio foi escolher justamente uma que deixou muito a desejar. Azar meu, condômino, que paguei por esse “serviço”!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

SOBRE A RELAÇÃO DONOS DA CASA X EMPRESA CONTROLADORA DE PRAGAS – Parte III

Seguindo o raciocínio desse tema, resta-nos examinar o que pode acontecer na relação donos da casa e a empresa que ali executou o serviço de desinfestação. Vamos começar discutindo a participação e o envolvimento dos proprietários na obtenção dos desejados resultados de completo controle de pragas no domicílio. Para isso, sabemos, não basta que uma empresa venha borrifar biocidas na residência e estará tudo resolvido. Não é assim! Esse ambiente deverá ser modificado se pretendemos que permaneça refratário à instalação e sobrevivência de certas pragas. Medidas de correção do ambiente e outras de prevenção estarão a cargo dos donos da casa e não do profissional controlador de pragas que ali está apenas para eliminar as pragas já existentes naquele dado ambiente. Medidas como a melhoria geral das condições de asseio e higiene da residência, detalhes do armazenamento de alimentos e a manutenção adequada das instalações são medidas tipicamente a cargo dos proprietários e/ou ocupantes. Contudo, é obrigação do bom e preparado profissional controlador de pragas apontar a seus contratantes, o que está errado, o que está facilitando a entrada e sobrevivência das pragas dentro da residência, o que deve ser feito para evitá-las e principalmente o que pode ocorrer caso essas medidas não sejam adotadas. Por exemplo, se o proprietário não reparar uma ou outra goteira no telhado ou não remover obstáculos nas calhas condutoras de águas pluviais, poderemos ter umedecimento do madeirame de sustentação desses telhados, o que pode atrair a instalação dos chamados cupins de alvenaria (ou de madeira molhada); se os tapetes da casa não forem regularmente aspirados e o cão não for tratado, as pulgas continuarão presentes, independentemente do serviço antipulgas de uma empresa especializada. Muitos desses deveres dos donos da casa podem não ser tão óbvios e evidentes e a empresa controladora pode estabelecer relações permanentes com esses donos ao prover tais informações. Tais informações podem constar de algum folheto explicativo produzido pela empresa e entregue ao usuário da casa no momento da execução do serviço. Esses folhetos se prestam também a deixar claro que o controle de pragas não é uma questão apenas de aplicar algum produto milagroso. Na verdade, quanto mais o proprietário acreditar em curas milagrosas, mais aumenta a probabilidade de que venha a se decepcionar e assim comprometer a imagem que ele possa ter da empresa que realizou a desinfestação da residência. Falsas expectativas são a principal causa de chamados de queixas. Alguns clientes se queixam porque não foram avisados do odor dos inseticidas utilizados, outros se queixam porque sua casa ficou cheia de baratas mortas depois do serviço (de alguma forma eles achavam que os insetos iriam simplesmente desaparecer); outros ainda se queixam porque pulgas surgiram semanas após o tratamento. Todas essas coisas não gerariam queixas, caso os proprietários tivessem sido previamente esclarecidos pela empresa. Ao lado dessas necessárias informações, há uma lista de ações que devem preceder o tratamento da residência, tais como: esvaziar e limpar armários de cozinha, dos banheiros e de roupas de cama; remover alimentos e utensílios de cozinha colocando-os sobre mesas e cobri-los com lençol ou plástico, caso a técnica adotada no tratamento vá ser por pulverização, cobrir e vedar aquários, remover do ambiente os animais de estimação e assim por diante (um dia a gente detalha essa etapa). No pós tratamento é muito importante um chamado telefônico cerca de dois ou três dias depois, para saber como foram as coisas, se tudo correu bem, se apareceram pragas mortas e em que pontos da casa, etc. Essa pesquisa de satisfação pode dar à empresa uma série de informações muito úteis para novas abordagens nesse mesmo cliente e mesmo em outros clientes. O resto, os contatos posteriores e as formas de fazê-lo, fica por conta de cada empresa e seu nível de profissionalismo. É isso!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

SOBRE A RELAÇÃO DONOS DA CASA X EMPRESA CONTROLADORA – Parte II

Estávamos examinando as relações que se estabelecem entre os donos de uma residência e a empresa controladora de pragas chamada para resolver algum problema nessa casa. Dizíamos que essa relação pode ser observada em três momentos diferentes: antes, durante e depois. Já vimos a importância do pré atendimento e mais, a vistoria prévia, oportuna para coletar os dados essenciais à boa execução do tratamento. E durante o serviço na residência? O que pode ocorrer entre contratantes e contratados?
Nesse momento, há vários pontos importantes que merecem nosso reparo, pois o objetivo final da empresa controladora de pragas é obter bons resultados, ganhar assim a confiança dos contratantes e fidelizá-los de forma que a empresa receba um futuro chamado seu e talvez outros decorrentes dessa fidelização. Antes de mais nada, vamos já definir QUEM é a empresa controladora de pragas ? Essa figura virtual é representada por todas as pessoas que ali trabalham, da faxineira ao proprietário, especialmente aqueles que têm contato direto com o público, com a clientela. São esses funcionários a verdadeira “cara” da empresa. Portanto, o técnico que foi vistoriar a residência e os operadores da equipe que vai executar o serviço, são todos a “cara” da empresa. Assim sendo, é preciso prestar enorme atenção à “cara” que vamos exibir, certo? Uma equipe (chefe e operadores) bem apresentada (limpamente uniformizados, de barba feita,) certamente causará uma boa impressão inicial, especialmente descendo de um carro limpo e com boa aparência. Adequadamente treinados, evitarão palavrórios desnecessários e principalmente expressões de baixo calão. O chefe da equipe falará pelos operadores e dará todas as explicações solicitadas pelo cliente. O trabalho deverá causar o menor impacto possível ao ambiente e deve ser executado de forma tão limpa como possível. A equipe não deve fumar durante o trabalho, até por razões de segurança dos operadores. O chefe da equipe deverá dar as informações pertinentes ao serviço antes que ele comece a ser executado; o cliente gostará de ser devidamente esclarecido e informado sobre o que vai acontecer em sua casa. Como também vai gostar de saber os procedimentos que deve tomar após a execução do trabalho. Como conseguir que tudo isso venha a ocorrer? Uma só resposta: treinamento! Treinamento técnico e treinamento comportamental. Isso é tão importante quanto a obtenção dos resultados desejados. Acredite!
Mas, temos ainda que comentar o pós serviço, ou vocês achavam que tinha acabado? Assim que der, finalizo esse nosso passeio, OK?