sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

NATAL DOS 10.000! FELIZ NATAL!


CHEGAMOS! CHEGAMOS AO FINAL DE 2010, CHEGAMOS AO NATAL, CHEGAMOS A UM NOVO ANO DE CONVIVÊNCIA, CHEGAMOS AO VISITANTE N° 10.000 COM MUITO ORGULHO! SÓ PODEMOS AGRADECER POR TUDO O QUE ACONTECEU EM 2010, AGRADECER ÀS PESSOAS QUE FIZERAM ESTE ANO SER PLENO, SER FELIZ, SER FANTÁSTICO, COMO FOI. AGRADECEMOS A TODOS OS AMIGOS E COLABORADORES QUE REMARAM FIRME PARA QUE NOSSO BLOG FOSSE O QUE SE TORNOU. AGRADECEMOS EM ESPECIAL AOS NOSSOS LEITORES QUE, COM SUAS VISITAS FREQUENTES AO BLOG HIGIENE ATUAL , FIZERAM DELE UM ESTRONDOSO SUCESSO. GRATO AOS AMIGOS QUE CONHEÇO E AOS QUE AINDA NÃO CONHEÇO.
FELIZ NATAL A TODOS, DESEJAMOS UM NOVO ANO DE MUITO SUCESSO PESSOAL E NOS NEGÓCIOS.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

CULTURA INÚTIL: O PAPAI NOEL


Acho até que já comentei sobre isso neste blog... ou teria sido em outro lugar? De qualquer forma, devo reafirmar meu especial interesse pessoal pela chamada “CULTURA INÚTIL”, um conjunto de conhecimentos e fatos que nada acrescentam ao nosso dia a dia, mas não deixam de ser extremamente interessantes. Além de mim, conheço um colecionador de cultura inútil famoso e importante: Max Gehringer, o conhecido estudioso do mundo corporativo, articulista de sucesso de diversas revistas. Para que serve a cultura inútil? Como o próprio nome está dizendo, para nada, exceto ser divertido. O acervo da cultura inútil é literalmente infindável e, como gosto, fico colecionando conhecimentos inúteis sempre que posso, alguns dos quais quero ir compartindo com meus amigos leitores que se interessarem pelo assunto. Vamos ver.
Já que estamos na época apropriada, quero começar desmentindo a crença popular dos adultos e me juntando à crença das crianças: sim, Papai Noel existe! O velhinho simpático, rotundo, de barbas e cabelos brancos, com expressão sempre feliz, foi primeiramente desenhado, tal como o conhecemos hoje, por Haddon Sundblom (1899-1976), um artista norte americano que foi contratado em 1931 pela Coca-Cola Company para dar uma imagem definitiva a Santa Klaus, o Papai Noel deles que, até então, era desenhado em uma variedade de formas e cores, a maioria parecendo gnomos (aqueles duendes que a Xuxa acredita). Aliás, a primeira propaganda da Coca que usou o novo Papai Noel, era o bom velhinho sentado em seu trenó (ainda carregado de presentes), supostamente dando uma pausa e, naturalmente, saboreando uma garrafinha de Coca-Cola. Sundblom começou por definir a cor da roupa do bom velhinho, o vermelho (porque era a cor oficial da Coca-Cola); a partir de 1940 o artista foi tornando o Papai Noel cada vez mais parecido consigo e ele acabou dando à criatura seu próprio rosto. A imagem resultante era tão simpática que foi sendo popularizada e adotada no mundo todo. Grande lição de Marketing, não? Espertamente, a Coca-Cola nunca patenteou essa imagem, pois à companhia interessava que ela fosse divulgada e reproduzida ao máximo, funcionando como “merchandising” para seu produto. Na verdade a lenda do Papai Noel é antiga, aparentemente originando-se na figura de um santo católico que viveu na Turquia, em torno do ano 400 D.C., o São Nicolau que costumava dar presentes às crianças pobres no Natal e era retratado com roupas de inverno da cor branca ou prata. O nome brasileiro de Papai Noel veio diretamente do francês Père Noël (Pai Natal).

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

UM DIA NA VIDA DE UM CAMUNDONGO (Mus musculus) – Parte II


Estávamos acompanhando a saga de um dia na vida de um camundongo em post anterior. Pois ele acaba de expulsar um rival invasor; cheio de testosterona e adrenalina, é bastante provável que prontamente procure uma de suas esposas para acasalar-se repetidas vezes, caso ela esteja no cio ou próximo a ele.
Dispersão natural:- a família de nosso herói tinha anteriormente seis filhos machos que ao atingir suas respectivas maturidades sexuais, foram, como é usual, banidos pelo pai do território onde nasceram tão logo começaram a se interessar pelas fêmeas da colônia. Essa dispersão natural dos machos para outras áreas adjacentes de moradia e alimentação, combinada com o veloz crescimento populacional, é a razão pela qual os camundongos rapidamente conseguem se espalhar por toda uma área construída, formando novas colônias, assim que consigam atrair a atenção de uma ou mais fêmeas nômades.
DICA PARA O CONTROLE:- quando você encontrar camundongos ou sinais deles em diversos andares de uma edificação, não pense que se trata de uma só colônia com camundongos que gostam de deambular para cima e para baixo em busca de alimentos. Na verdade, você estará diante de uma infestação composta por várias colônias, cada qual em seu delimitado território. Você terá que iscar (ou colocar armadilhas de captura, a seu critério) em cada território individualmente.
Depois de ter reconhecido seu território, se alimentado um pouco, localizado e expulsado um intruso e coberto uma fêmea, nosso solerte herói tem fome novamente. Ele retoma uma série de circuitos buscando alimento que ele sabe onde encontrar, mordiscando aqui e ali pequenas porções durante toda a noite, comendo cerca de 20 vezes ou mais. Em um ponto do território, ele chega ao seu local favorito de alimentação onde para mais tempo que nos demais pontos, sob uma prateleira onde um saco de alpiste anteriormente roído por ele, derrama sempre alguns grãos no chão.
DICA PARA O CONTROLE:- um forte cheiro típico de camundongos (quem conhece, reconhece) e muitas fezes em pontos onde haja alimentação, demonstram os locais preferidos desses pequenos roedores. Tais pontos, certamente, são os melhores para que ali coloquemos nossa isca raticida ou algum artefato de captura. Camundongos são animais muito curiosos (neofilia), enquanto seus primos ratazana e rato preto são muito desconfiados (neofobia). A presença de um artefato de captura recentemente colocado em seu território, certamente vai despertar sua atenção e curiosidade; esse objeto será prontamente investigado e pode capturá-lo. Pela mesma razão, iscas raticidas (de boa qualidade) podem ser ingeridas na mesma noite em que colocadas nos pontos certos de presença e passagem dos camundongos. Mas, lembrando do fato de que eles apenas mordiscam um alimento encontrado e já partem para buscar outra porção de alimento, divida a isca em pequenos monturos afastados por um palmo de distância mais ou menos; dessa forma, ele vai mordiscar em vários montículos da isca e acabará por ingerir a dose que o eliminará.
Mais uma vez voltando ao camundongo de nossa história, finalmente, já na noite avançada, ele está cansado e de barriga cheia. Decide voltar ao ninho para um merecido descanso. Aninha-se, mas não dorme imediatamente. Começa a executar uma minuciosa limpeza de seu pelame através de vigorosas lambidas, retirando todas as sujidades que ficaram aderidas a suas patas, cauda ou pelos. Passa um bom tempo nisso. O sono vence e ele dormita um pouco. Acorda mais tarde, retoma a limpeza do pelame e volta a dormir. Continuará assim pelas próximas 12 horas enquanto o dia lá fora está claro e há muito movimento de pessoas.
E assim, passa-se mais um dia na vida de um bravo camundongo; mais um dos 365 dias que totalizam sua vida inteira...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

UM DIA NA VIDA DE UM CAMUNDONGO (Mus musculus) – Parte I


A luz do dia começa a desaparecer e surgem as primeiras lâmpadas acesas. Com elas também surge um focinho cercado de longos bigodes cheirando nervosamente o ar, saindo cauteloso de um pequeno buraco na junção da parede com o chão. É um camundongo macho adulto, líder de uma família composta de algumas fêmeas e diversos filhotes em diferentes idades, vários ainda não desmamados, que esteve esperando horas por esse momento no vão oco da parede onde mora. Expondo somente a cabeça, ele fica estático por um segundo ou dois, cheirando nervosamente o ar ambiente em busca de odores que podem denunciar a presença de seus atávicos inimigos naturais, o cão e especialmente o gato. Será que existe algum perigo? Como todos os camundongos ele enxerga mal na escuridão, pois não dispõe, como os gatos, de visão noturna; seus olhos negros hipertireoideanos (globosos) vêem pouco, não muito longe na semiescuridão daqueles minutos onde a noite começa. Em compensação, esse formato globoso dos olhos lhe dá a condição de perceber qualquer coisa se movimentando na mais completa escuridão. Por isso, o camundongo tem que confiar mais em seus outros sentidos. Suas narinas trêmulas e seus ouvidos ampliados por orelhas em forma de concha acústica, lhe dizem: “tudo bem!”. E assim, o camundongo começa a percorrer o primeiro de vários circuitos idênticos que fará em seu conhecido território aquela noite. Ele visitará inúmeros pontos daquela área, a qual conhece tão bem, confiando muito mais em sua notável memória quinestésica (uma gravação subconsciente de uma série de movimentos musculares e deslocamentos em diferentes sentidos) do que em seus olhos, ouvidos e focinho. Vira à direita e corre 20 passos, pára e vira à esquerda em diagonal e corre 10 passos, sobe pela lateral cerca de 0,5 metro e chega ao saco de farinha de trigo que ele havia localizado uma semana antes. Come um pouquinho nervosamente e já se movimenta para buscar outra fonte de alimento, mesmo tendo uma saca inteira à sua disposição. Ele sabe que não deve ficar parado por muito tempo, pois é aí que mora o perigo, um gato pode estar esperando por ele exatamente nesse ponto e então... babau, já era um camundongo. Estimulado pelo ato alimentar, seu intestino funciona e ele rapidamente defeca algumas cíbalas. Vira o corpo novamente, anda cerca de 50 cm e encontra outro alimento; mordisca um pouco de aveia caída na prateleira através do orifício que roera na embalagem dias antes. Sai para a direita e anda 12 passos. Um momento! Onde está a caixa de sementes de girassol onde ele complementou sua refeição ontem mesmo? Afinal, ele precisa ingerir cerca de 5 g de alimento por noite.
Mudança de posição:- uma caixa que foi movida de lugar representa um verdadeira crise para o camundongo. Seu universo mudou! A vida ficou mais complicada para ele e nosso herói interrompe sua atividade normal. Na próxima hora ele vai reexplorar seu território, investigando qualquer objeto velho ou novo. Assim ele reestabelece suas rotas e reprograma a memória para seus movimentos musculares, de forma que novamente consiga deslocar-se livremente pela área de seu território, o qual na verdade não é grande: 3 m para cada lado e para o alto.
DICA PARA O CONTROLE:- a mudança de lugar dos objetos na área infestada por camundongos, ajuda a aumentar a eficácia de ratoeiras, armadilhas e das iscas raticidas, pois os camundongos irão investigar as mudanças ocorridas em seu território. Um sistema permanente de mudança ativa dos objetos e estoques pode auxiliar grandemente o combate a camundongos nos depósitos, armazéns e despensas.
Tudo inspecionado e memorizado novamente, nosso camundongo retorna à sua rotina de percurso do território e de alimentação. Mas, agora, ele não está mais sozinho. Na verdade, o camundongo raramente está só, simplesmente porque em matéria de reprodução o camundongo deixa o coelho envergonhado de seu desempenho. Atrás dele, surgem “as esposas”, sim porque ele mantém um harém e um bando de filhotes já desmamados que estão em fase de aprendizado; estão acompanhando suas mães as quais lhes ensinam certos fatos da vida! Os filhotes machos têm curta autorização para ficar nesse território, pois ao primeiro sinal de aproximação de sua maturidade sexual, o macho líder do harém (seu pai, por sinal) os expulsa na base da cacetada. Eles que se mudem para outra freguesia e que vão formar suas próprias famílias. Os filhotes fêmeas têm permissão do pai para seguir morando no mesmo território, onde vão se tornar novas esposas do pai ou podem abandoná-lo se assim o quiserem. Muito liberal esse sistema! O camundongo fêmea atinge sua maturidade sexual em torno de 30 ou 40 dias depois que nasceu, tem de 6 a 8 cios por ano e produz de 6 a 7 filhotes por ninhada, cerca de 19 dias depois de ter sido coberta pelo macho. Dois dias depois do parto ela já está entrando no cio novamente e poderá ficar prenhe mais uma vez. Pense só nisso: todos os seus filhos, netos, bisnetos e tataranetos podem ter filhos no mesmo ano! Se todos esses descendentes vivessem, o que não ocorre, pois a taxa de mortalidade pode ser alta na comunidade por diferentes fatores, um único casal de camundongos poderia, teoricamente, gerar até 5.000 descendentes em um só ano.
Um defensor agressivo:- vamos voltar ao nosso valente personagem. Enquanto percorria seu território, suas narinas detectam o odor de outro camundongo macho adulto. Ele o procura, já cheio de testosterona, e o localiza a meio metro de distância, percebendo de imediato que se trata de um forasteiro invasor. Usando todo o peso de seus 20 g, nosso valente camundongo atira-se fortemente contra o invasor e trava com ele uma violenta luta de agarrões, dentadas, recuos e investidas de ambas as partes. Os camundongos da vida real nada têm a ver com os tímidos e carinhosos camundongos dos desenhos animados que estamos acostumados a ver na TV. Na vida real eles são agressivos protetores de seu território e do seu status social na colônia. A família de um camundongo é constituída de um macho dominante, duas ou três fêmeas reprodutoras e um bando de filhos. Em caso de invasão do território da colônia, não raro as fêmeas também se envolvem diretamente na pancadaria e juntos, os adultos, botam o invasor para correr, ou morrer. Na verdade, o território de uma colônia de camundongos é surpreendentemente pequeno. Vai de seu ninho localizado no vão da parede, do qual sai por um discreto orifício que eles roeram, continua por não mais de 3 ou 4 metros de piso livre, sobe pelas prateleiras e passa por uma série de caixas e caixotes, algumas ripas e caibros até chegar de volta ao ninho. Como a maioria dos camundongos, nosso herói viaja no máximo 4 ou 5 metros de seu ninho; raramente encontramos um território de camundongos maior que 8 metros de diâmetro.
DICA PARA O CONTROLE:- No ponto em que você avistar um camundongo (ou lhe informarem onde foi observado) ou você observar evidências de sua presença (fezes, roeduras, etc), imagine uma meia esfera tridimensional de 3 metros de raio em todas as direções. Esse será o provável território da colônia infestante, área dentro da qual você deverá executar o combate. Portanto inspecione cuidadosamente essa área para saber onde colocar seus raticidas (ou artefatos de captura).
E o que mais sobre o dia de nosso herói camundongo? Bem... aguardem um próximo post de continuação dessa saga, OK?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CUPIM SUBTERRÂNEO FOI RENOMEADO


O conhecido Coptotermes havilandi (Wasman, 1896), família Rhinotermitidae, subfamília Coptotermitinae, uma das espécies de cupins subterrâneos, recebeu um novo nome científico e passou a se chamar Coptotermes gestroi desde 2003. Coisa de estudiosos da Sistemática que devem ter encontrado razões científicas para a mudança da nomenclatura desse cupim. Mas os dois nomes são aceitos como sinônimos. O que se supõe é que esse inseto social proveniente do sudeste asiático chegou ao Brasil por meio de navios, em madeiras contaminadas. Atualmente se destaca como uma praga urbana por consumir madeira nas edificações e tornou-se essencialmente urbano.
Portanto, os leitores que ainda não sabiam, anotem aí o novo nome do cupim subterrâneo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

SERÁ QUE VOCÊ ESTÁ ARMAZENANDO DE FORMA CORRETA SEUS BIOCIDAS?


Há algum tempo atrás, um colega nosso descreveu-nos o incêndio que ocorreu em sua empresa controladora de pragas e que atingiu o depósito de inseticidas e raticidas. Contou ele, primeiro que a empresa tinha seguro que cobriu os prejuízos e, segundo, que sob a ação do fogo alguns dos produtos ali estocados passaram a liberar vapores tóxicos causando sérios riscos para os bombeiros que tentavam apagar o incêndio, além de que alguns vizinhos e curiosos tiveram que receber atenção médica por terem respirado fumarolas tóxicas. Contou ainda que a água despejada pelos bombeiros tornara-se leitosa de tanto inseticida que levava junto escorrendo livremente pelo chão e ao longo do meio fio, sendo dragada pelo sistema de coleta de águas pluviais, provavelmente indo poluir severamente algum curso de água mais adiante. Observem quantos eventos se desencadearam por um acidente imprevisível. Imprevisível? Nem tanto! Até poderia não ser previsto, mas certamente poderia ter sido minimizado se o depósito tivesse seguido as boas práticas operacionais para esse caso. O incidente, por si só, demonstra que a armazenagem incorreta dos inseticidas e raticidas pode causar. incêndios e outras fatalidades que não avisam antes de acontecer. Infelizmente são poucos os profissionais que estão atentos às disposições adequadas recomendadas na armazenagem dos biocidas que utiliza.
Considerando que a armazenagem incorreta ou inadequada dos biocidas nas empresas controladoras de pragas (e mesmo nos órgãos públicos que trabalham com inseticidas e raticidas) pode causar uma série de problemas e riscos desnecessários, achei que seria interessante fazermos uma revisão desse assunto, lembrando alguns pontos importantes:
• A RDC 52, que está em vigência e que vale como lei para todo o território nacional regulamentando a prática das empresas controladoras de pragas, estatui que o depósito de biocidas deva ser separado dos demais recintos da empresa e deve destinar-se exclusivamente ao depósito de biocidas. Eu complemento: e deveria ter um sistema de aeração (troca do ar ambiente) que minimizasse o risco de inalação de vapores que inseticidas mal tampados possam estar emitindo. Isso é particularmente verdade se a empresa emprega fosfina ou brometo de metila, gases tóxicos muito utilizados em tratamento por expurgo. Como dizia minha finada avó: “Não pegue, menino! Isso faz xixi na mão de criança”. Sábia avó.
• Planeje bem seu depósito dotando-o de paredes e teto resistentes ao fogo. Qualquer arquiteto poderá lhe informar sobre quais materiais devem ser utilizados em depósitos de produtos inflamáveis. Não é nenhum bicho de sete cabeças.
• Todos os produtos inflamáveis ou explosivos que possam estar estocados em seu depósito (atenção para aerosóis) devem ser guardados no interior de armários metálicos à prova de fogo, os quais podem ser encontrados facilmente no comércio especializado. Não falo de prateleiras, falo de armários com porta.
• É indispensável a colocação de extintores de incêndio de capacidade razoável junto à porta do depósito, um de pó seco e outro de água pressurizada. Devem estar colocados do lado de fora do depósito para que estejam disponíveis em caso de necessidade, nunca do lado de dentro. E vê se os mantém dentro da validade, não é? Se for possível, instale na empresa uma caixa d’água elevada de capacidade tal que permita o combate a um incêndio de pequenas proporções.
• Dentro do depósito de biocidas não deve existir nenhum ralo. Se tiver, qualquer quantidade de inseticida líquido que cair ao chão poderá escoar ralo abaixo e ser despejado no esgoto; vai acabar aumentando a poluição de algum curso de água. Se já houver ralos presentes, tampe-os. O que fazer então quando um inseticida cair ao chão? Simples: basta jogar um pouco de serragem seca que absorve muito bem substâncias líquidas; depois, é só varrer e recolher o inseticida derramado, agora na forma sólida. Portanto, moçada, caixa com serragem e cavacos de madeira no depósito de inseticidas, certo? Conheço uma empresa que utiliza para esse fim aquelas areias destinadas a absorver urina de gato, encontradas em Pet Shops.
• Compre e armazene inseticidas em quantidades não excessivas. Mesmo que você queira comprar em quantidades maiores, para aproveitar alguma promoção, por exemplo, negocie com seu fornecedor a entrega parcelada dos produtos, digamos uma vez cada duas semanas ou outra frequência que lhe atenda.
• Evite armazenar inseticidas em grandes embalagens. Armazenando em embalagens pequenas, caso alguma se danifique, a perda (e a contaminação do ambiente) não será grande, sendo mais fácil remover o produto derramado.
• Guarde sempre as máscaras nasais e as roupas de proteção fora do depósito de biocidas. Dessa forma, caso ocorra algum vazamento perigoso, esses equipamentos de proteção estarão onde podem ser alcançados com facilidade.
• O depósito de biocidas deve se situar em área segura e protegida. A chave deve ficar na posse de funcionários responsáveis. Já ouvi relatos vários de acidentes provocados por biocidas roubados dos depósitos de empresas controladoras ou de serviços públicos.
• Providencie para que seu depósito seja um local bem arejado e com temperatura ambiente nunca alta demais. Alguns inseticidas podem sofrer degradação sob altas temperaturas.
• Produtos que podem contaminar outros através de seu cheiro ou vapores, devem ser armazenados em separado. Os raticidas, por exemplo, devem ser estocados longe dos inseticidas para não absorverem o cheiro destes e assim serem evitados pelos roedores. Herbicidas podem contaminar inseticidas se guardados lado a lado.
• Assim que você tiver seguido todas essas recomendações, procure o Corpo de Bombeiros mais próximo e tenha uma boa conversa. Tenho a certeza de que eles terão ainda excelentes sugestões a lhe fazer e que poderão ser muito úteis para evitar acidentes desagradáveis posteriores.
• Caso você se interesse por esse tema e outros ligados às boas práticas no ramo do controle de pragas, permita-me sugerir o livro “Boas Práticas Operacionais no Controle de Pragas”, de nossa autoria, que pode ser adquirido na forma de um E-book (livro virtual) pelo site www.pragas.com.br (clique sobre esse endereço para fazer link direto com o site).

CONSULTA PÚBLICA SOBRE ROTULAGEM DE PRODUTOS SANEANTES


O maior interesse sobre esse assunto é, sem dúvida, dos fabricantes de produtos saneantes, mas não custa estarmos informados, certo? Encontra-se em consulta pública proposta de RESOLUÇÃO que dispõe sobre Regulamento Técnico para Rotulagem de Produtos Saneantes. Padronizar os rótulos de saneantes vendidos no país e aprimorar as informações que chegam ao consumidor é o que pretende a proposta de resolução que a ANVISA submeteu à Consulta Pública (CP) desde quinta-feira (4/11). A população terá 60 dias para enviar sugestões e críticas ao texto. Este regulamento possui o objetivo de elaborar, revisar, alterar, consolidar, padronizar, os procedimentos e requisitos técnicos para rotulagem de produtos saneantes, de forma a gerenciar o risco à saúde e implementar a adequação com o Sistema Globalmente Harmonizado (Global Harmonized System – GHS) para a Rotulagem e Classificação de Produtos Químicos.
Essa consulta pública leva o n° 102 (de 03/11/2010) e foi publicada no DOU de 04/11/2010. A consulta pública ficará aberta até 03/01/2011.
(Agradecimentos a Lucy Figueiredo pela colaboração)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

CONTROLANDO INSETOS EM CONDOMÍNIOS: BOM NEGÓCIO OU UMA GRANDE DOR DE CABEÇA? – PARTE III


A gente estava falando dos problemas e soluções para executar um controle de primeira em condomínios e havia começado a comentar os passos para que a empresa controladora de pragas contratada estabeleça um Manejo Integrado, o qual será capaz de produzir os resultados desejados por seu contratante e garantir a fidelidade desse cliente. Vimos a informação ao síndico, a inspeção, o fichário, as pragas e a manutenção do prédio. Em frente:
Determinação dos focos:- analise suas fichas para determinar quais áreas do prédio estão com maiores problemas. Esses serão, provavelmente, os focos dos quais as pragas observadas estão partindo, se disseminando pelo prédio e invadindo novas áreas. Em prédios muito infestados, é comum localizarmos um ou dois focos por andar. Sem uma completa limpeza desses focos, as chances de sucesso são praticamente nulas. A administração precisa entender esse ponto e providenciar, de alguma forma, que essa limpeza seja efetuada.
Informação aos moradores:- o ideal seria que cada condômino estivesse informado sobre as pragas encontradas no prédio e como proceder para evitá-las. Na prática, no entanto, isso é um tanto difícil, embora se possa chegar bem próximo através de reuniões gerais dos moradores onde o tema seria abordado pela empresa contratada. Na verdade, essas reuniões de condomínio não são muito frequentadas e você pode perceber que exatamente os moradores que mais estão contribuindo para as infestações do prédio, são os que não estarão presentes e depois, ainda vão reclamar das despesas que a desinfestação acarretará. Mas, nessa reunião, você poderá ouvir as informações de condôminos que muito lhe ajudarão a melhor conduzir o programa; você deve aproveitar para ouvir sugestões (nem sempre exeqüíveis) e esclarecer dúvidas. Simule estar acatando algumas dessas sugestões (aquelas que são pertinentes) e elogie as opiniões adequadas. Quando as sugestões partem dos moradores, é uma certeza de que eles participarão voluntariamente do programa e até pressionarão outros a fazê-lo.
Tratamento:- o dia, ou dias, do tratamento deve ser de amplo conhecimento geral da comunidade. A fixação de avisos em diversos locais estratégicos de fácil visualização é recomendável. É bastante importante que pessoas e animais não estejam nos recintos durante o tratamento e por algumas horas após, tempo esse que dependerá dos biocidas empregados pela empresa e as condições de arejamento dos ambientes. Regra geral: deixar portas e janelas abertas para facilitar a circulação plena do ar, até que a calda seque. Se o tratamento for exclusivamente feito com gel, esse período de interdição é desnecessário. A opção de empregar inseticidas gel ou por pulverização de calda, é da empresa contratada e a decisão de usar este ou aquele método (ou até ambos) vai depender sempre de diversos fatores ambientais e relacionados à própria praga a ser combatida. Mas, isso é uma outra história que fica para outra vez. Só quero comentar (mais uma vez e sempre) que pense muito antes de adquirir biocidas de baixa qualidade ou de origem duvidosa; o resultado final pode ser totalmente comprometido por uma escolha errônea.
• Reforço automático:- duas ou três semanas depois, você deve proceder a um breve reforço do tratamento nos pontos de focos mais importantes. Esses focos precisam ser controlados de qualquer maneira, sob risco de comprometer o todo. Esse reforço será também uma excelente oportunidade para verificar se as medidas corretivas foram aplicadas nesses focos; se não foram, reitere junto ao síndico a importância dessas ações. Por outro lado, esse reforço automático vai reforçar sua imagem de empresa séria e comprometida com os resultados, ajudando a fidelizar seu cliente.
Situação de controle:- já naquele repasse automático você poderá avaliar se a situação das infestações melhorou. Se não, é preciso apontar à administração do prédio o que deve ser ainda feito ou posto em prática. Caso as infestações do condomínio tenham sido drasticamente reduzidas, o que certamente ocorrerá se o trabalho tiver sido bem feito, e estejam em níveis tais que não causem maiores problemas aos moradores, estes devem ser informados do sucesso do programa através de uma circular, a qual deve reiterar as medidas necessárias para que as infestações não voltem a crescer. Informe que sua empresa iniciará a fase de monitoramente e que tratamentos individuais das unidades poderão ser requeridos sempre que necessário.
Monitoramento:- Esquematize um programa de monitoramento posterior, ou seja, um esquema de visitas periódicas ao condomínio (pelo menos duas vezes ao ano) onde você poderá verificar, através dessas inspeções de alguns pontos focais, como estão indo as coisas. Não deixe seu cliente desatendido, destaque-se da concorrência. Nas visitas de monitoramento aponte medidas corretivas ainda não adotadas, verifique se não há deterioração de certas áreas, aponte (sempre por relatório escrito, velhos e novos problemas que possam estar contribuindo para a instalação de pragas. Servirão também para você determinar se já está na hora de nova intervenção.
A essa altura você deve estar imaginando que essa abordagem deve ter um custo alto e que assim seu preço final será mais alto do que os preços praticados pela concorr6encia e que, dessa forma, nenhum condomínio vai lhe contratar. Você está certo... e errado! De fato, serviços diferenciados provavelmente custam mais caro, mas, preço não deve ser encarado como fator impeditivo. Caro ou barato são fatores totalmente subjetivos e cai na esfera discricionária de cada individuo que o julga. O que é preciso, nos dias de hoje, é agregar valor à sua mercadoria ou serviço. O Manejo Integrado pode ser o diferencial que poderá alavancar seus negócios. Não tenha medo se sua proposta for a mais alta dentre as cotações levantadas. Você só precisa apresentar uma proposta tecnicamente consistente, a preço justo e justificável. Não foi cobrando preços baratinhos que grandes empresas em todo o mundo venceram em um mercado selvagem; empresas tais como a Xerox, a IBM, a Brastemp, a Mercedes Benz, a Coca-Cola, a Petrobras e outras tantas. Sabe o que há de comum entre elas? TODAS COBRAM OS PREÇOS MAIS ALTOS DE SEUS MERCADOS! Apenas souberam vender, valorizar e agregar valor em seus produtos, que, por sinal, são de ótima qualidade. E não é isso que você quer? Pense bem.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

ALÔ, ALÔ… VISITANTE NÚMERO 9.000

Seja muito bem vindo ao nosso blog! Sinta-se em casa, pois ele foi feito para ser isso mesmo. Temos uma grande lista de posts já publicados para que você possa passar algum tempo conosco pesquisando, lendo, buscando e, gostaríamos, apreciando. Esses posts são praticamente todos de interesse seu, amigo controlador de pragas urbanas e abordam os mais diferentes itens, campos, assuntos e temas. Há posts exclusivamente técnicos, outros são de interesse geral, há assuntos ligados à legislação de nosso ramo, há muita coisa sobre relação com os clientes e por aí vai. Se quiser, coloque um comentário sob o post que lhe interessou e, se desejar, há uma coluna na esquerda sobre Perguntas & Respostas, ambas curtas. A todos os leitores que têm prestigiado o blog do Higiene Atual, obrigado... 9.000 vezes!

CONTROLANDO INSETOS EM CONDOMÍNIOS: BOM NEGÓCIO OU UMA GRANDE DOR DE CABEÇA? – PARTE II


No post anterior que tratamos desse tema, vimos os sucessivos dilemas em que o síndico de um condomínio pode se meter quando efetua uma escolha nada adequada no processo de seleção da empresa controladora de pragas que vai executar o tratamento de seu prédio. Bem, naquele exemplo a escolha foi errada, mas suponhamos agora que o síndico fez uma escolha correta, contratou uma empresa qualificada. Esta, consciente de suas responsabilidades e adequadamente gerenciada, deve cumprir diversas etapas para que o resultado seja o melhor possível. Vamos examinar essas etapas:
Informando o Síndico:- hora de conversar sobre Manejo Integrado. Ele tem que entender que os resultados vão depender em larga escala das ações corretivas e preventivas que deverão ser tomadas sob responsabilidade do condomínio (apontadas pela empresa), enquanto que a empresa contratada responderá diretamente pela eliminação das infestações já existentes. Dê-lhe os fatos. Ele precisa saber que um simples tratamento nas unidades afetadas não será capaz de resolver o problema. Por outro lado, os moradores do prédio precisam saber que a administração do condomínio está apoiando a adoção do Manejo Integrado, pois é de se admitir que poucas pessoas, leigas, já ouviram falar dessa abordagem; dessa forma, o síndico passa a ser o elo entre a empresa contratada e o condomínio. Caso a administração do condomínio não deseje se envolver nesse processo, tenha cuidado! Significa que ela está querendo resultados fáceis e imediatos ou acha que o dinheiro pode comprar qualquer coisa, o que não é rigorosamente a verdade. Informe o síndico sobre cada praga apontada pelos condôminos queixosos, como elas se espalham e como podem obter água, alimento, abrigo e acesso entre os apartamentos. Explique a parcela de responsailidade que os próprios condôminos têm no estabelecimento das infestações. Faça tudo isso, se possível, por escrito, até para que o síndico possa ter em mãos um documento técnico que suporte as despesas que o condomínio terá com o tratamento, para que o síndico tenha onde se apoiar para convencer a comunidade sobre a necessidade de um manejo mais global do assunto e dará a força que ele precisa para fazer cumprir certas demandas que a administração imporá, a fim de que melhores resultados do tratamento antipragas sejam obtidos.
Inspeção:- é preciso proceder a uma completa inspeção do prédio, incluindo os apartamentos, montando um croquis geral que mostre onde as pragas já foram observadas, o que vai ser extremamente útil quando do tratamento. Nenhum programa poderá ser bem sucedido sem esse levantamento prévio. Assinale especialmente os locais infestados e as condições que estão facilitando a instalação das pragas já existentes.
Fazer um arquivo:- para cada apartamento e área comum, deve-se montar uma ficha de informações que servirá unicamente para o planejamento de futuras ações. Atenção: essa ficha não deverá tornar-se do conhecimento da administração do condomínio, pois alguns condôminos podem se sentir constrangidos ou mesmo prejudicados com o vazamento de certas informações colhidas pela empresa controladora durante a inspeção. Dados úteis para constar dessas fichas: que tipos de pragas já foram detectadas, em que extensão, o grau de asseio e higiene de cada ambiente, o grau de desordem, as condições de umidade, a presença de animais de estimação, etc. Em resumo, as informações que você precisa para poder tomar algumas decisões e fazer recomendações posteriores.
Pragas:- Não procure somente por baratas. Lembre-se que o Manejo Integrado é capaz de resolver qualquer tipo de infestação de outras pragas também: cupins, roedores, moscas, formigas, aranhas e o que mais vier. Relatar a presença de outras pragas não alvos, pode aumentar a credibilidade da empresa junto à administração e induzir confiança nos condôminos quanto ao seu trabalho. Isso facilitará o andamento dos serviços e as possibilidades de participação pessoal dos condôminos no processo.
Serviços de manutenção do condomínio:- todos os problemas do prédio que exijam manutenção e que possam estar contribuindo para a infestação de pragas, devem ser apontados para a administração a fim de que ela possa providenciar os reparos necessários. Por exemplo: canos de água ou esgoto que vazam ou gotejem, bordas das caixas de gordura desajustadas, fissuras na estrutura suficientemente largas para servir de abrigos a insetos e aranhas, etc. Qualquer conserto ou modificação que a administração do prédio fizer, vai ajudar no sucesso do tratamento, tais como; rejuntar azulejos e pisos, vedar os buracos nas paredes em torno dos canos, melhorar o sistema de coleta e armazenamento do lixo de forma que ele fique o menor tempo possível dentro do perímetro do condomínio, etc. Uma medida simples, mas muito eficaz no conjunto de ações que conduzirá ao sucesso, é pintar os quartos de despejo e depósitos de branco; isso vai evidenciar quando sua limpeza não estiver sendo bem feita e sujeira, é tudo o que as baratas adoram!
Tem mais, mas vamos dar um tempo e volto a falar no assunto, OK?

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CONTROLANDO INSETOS EM CONDOMÍNIOS. BOM NEGÓCIO OU UMA GRANDE DOR DE CABEÇA? – PARTE I


As melhores empresas controladoras de pragas urbanas existentes no mercado (mundial, diga-se de passagem) entenderam, se convenceram e passaram a praticar com sucesso o chamado Manejo Integrado de Pragas (a soma de ações corretivas, preventivas e de eliminação das infestações já existentes). Cerca de 70 anos depois que surgiu o DDT, o avô de todos os inseticidas modernos, não foi só a química que evoluiu com a descoberta de novos compostos cada vez mais eficazes contra as pragas e cada vez mais tentando evitar danos ao ambiente e a seres não alvos. As abordagens e a metodologia de trabalho também avançaram e muito! Pelos conceitos básicos do Manejo Integrado, as empresas controladoras de pragas passaram a não só aplicar biocidas capazes de eliminar as infestações já existentes, como também a fazer certas recomendações ao contratante para que recupere certos pontos de suas instalações que estejam facilitando a invasão e a permanência das pragas na área alvo. Desse conjunto de ações, resultados cada vez mais bem sucedidos têm sido alcançados e, às vezes, até surpreendentes.
Um bom exemplo do que estamos falando é o controle de insetos em condomínios, onde somente a aplicação de biocidas não é capaz de produzir controle e, por vezes, é capaz de gerar sérios problemas aos condôminos. Nos prédios de moradias, o Manejo Integrado é mais que necessário. Um condomínio é composto de diversas moradias independentes separadas apenas por paredes, mas que têm, até não percebidas, ligações entre si que atuam como fatores complicadores no caso de certas pragas. Cupins de alvenaria (Coptotermes havilandi), por exemplo, simplesmente não respeitam os limites físicos de um apartamento e invadem sucessivamente diferentes unidades do condomínio sem dó, nem piedade. Baratas também o fazem, especialmente a abjeta barata de esgoto (Periplaneta americana) que pode transitar livremente pelas linhas de esgoto do prédio, escolhendo ao seu critério quais unidades vai invadir. Formigas doceiras surgem do nada e podem construir formigueiros enormes em vãos do prédio, movendo-se através dos conduítes de fios elétricos. Eis uma situação muito comum: cupins e/ou baratas aparecendo em diferentes apartamentos do condomínio, geralmente circunvizinhos e mais ou menos na mesma época, tornando-se, assim, um problema coletivo. Capítulo I – As múltiplas ocorrências:- após certo número crescente de queixas de condôminos, finalmente o Síndico se convence de que é um problema do prédio e não apenas restrito às unidades afetadas, decidindo, então, buscar uma solução chamando uma empresa especializada. Aí começa outro capítulo dessa história. Capítulo II - A negociação:- o síndico tem que localizar pelo menos três empresas controladoras de pragas para obter três orçamentos e decidir por um deles. Pelo menos essa é a regra mais comum para contratar serviços ou efetuar compras para o condomínio. Pode ser que uma dessas empresas já tenha prestado serviços a aquele síndico em outro prédio e ele tenha gostado do resultado, pode ser que o síndico tenha um amigo que tenha uma empresa ou algum parente ou mesmo algum conhecido, amigo do amigo, parente do parente, etc. As possibilidades são muitas! Mas, caso a escolha não se enquadre em nenhuma das alternativas anteriores, ele sai garimpando as empresas em alguma fonte possível de informação: indicação de outro síndico, páginas amarelas, revistinha do bairro, sites na Internet e outras fontes menos votadas. Suponhamos que ele selecione e chame as três empresas que lhe pareceram mais adequadas. Vai recebê-las, relatar o problema e ordenar ao zelador que acompanhe os técnicos das empresas para uma vistoria da situação. Ah, sim! Sempre haverá alguma empresa que vai dizer que “não precisa fazer vistoria”, que ela conhece muito bem os problemas relatados, que tem vasta experiência no assunto e blá, blá, blá. Seja como for, o síndico recebe a três propostas e as examina, mesmo sem entender “bolhufas” do assunto. Entre elas certamente haverá uma que será “verborréica”, cheia de detalhes perfunctórios, abundante em informações desnecessárias e redundantes, mas preenchendo muitas folhas de papel, entremeadas de termos técnicos, só para impressionar a plateia. O que vai interessar, primeiramente, é o preço cotado para os serviços; só depois é que ele vai ler os detalhes. O síndico então conversa com alguns membros do conselho fiscal do condomínio, elimina uma das três propostas (jamais saberemos a razão!) e chama as duas empresas restantes para “negociar”. Por negociar, entenda baixar o preço. Ponto! Nesse momento vai entrar o poder de persuassão do representante da empresa incumbido de atender a convocação do síndico, seus conhecimentos técnicos e o grau de poder que lhe foi concedido para negociar. E vocês pensam que não existe síndico “boleiro”? Só existe! Ele estará interessado apenas em quanto vai levar “de comissão” na contratação. O resto não interessa. Quem disse que a vida do controlador de pragas é fácil!
Se a empresa escolhida apenas pelo critério menor preço for daquelas que ainda acredita que somente uma aplicação de algum inseticida vai resolver o problema, o condomínio estará literalmente “ferrado”, como se diz por aí. Logo o Síndico vai perceber que o tratamento executado não deu o resultado esperado, só acalmou um pouco o problema, mas as queixas voltaram a acontecer pouco tempo depois. Nesse caso, começa o Capítulo III – O repasse. Já meio irritado porque sua escolha não foi acertada e alguns condôminos estão já estão criticando as decisões (sempre erradas, segundo eles), o síndico chama a empresa para fazer um repasse do tratamento. Digamos que a empresa controladora resolva atender à reclamação e venha fazer “um repasse”. Óra, se não resolveu no primeiro tratamento, não vai resolver no segundo, nem no terceiro e assim por diante. Não adianta! A questão está na falta de conhecimento técnico, na falta da vistoria prévia, na má avaliação do problema, no erro de orçamento e na composição de custos, no desinteresse da empresa em manter o cliente, enfim, pode ser que se trate apenas de uma autodenominada empresa controladora de pragas que apenas quer explorar as oportunidades do mercado ou que pratica não mais do que um “marketing de emboscada”! O síndico vai se cansar de discutir com a empresa a necessidade de resolver o problema, vai receber mil e uma explicações e desculpas esfarrapadas e não vai dar em nada. A menos que resolva entrar com alguma ação legal ou acionar a delegacia de defesa do consumidor. Sou perito de juiz e tenho atuado em incontáveis causas desse tipo opondo síndicos e donos de empresas controladoras de pragas, sempre com muita confusão, muita discussão, muitos excessos de ambas as partes, muitos subterfúgios de advogados espertinhos até a peritagem final. No meio disso tudo, o dono da empresa perguntando “- Onde foi que eu errei?” e o síndico arcando com o ônus de uma escolha errônea, induzido ou não.
Bem e daí? Daí, vamos continuar a falar sobre esse assunto em próximo post, porque já estou me alongando excessivamente neste. Não perca!

domingo, 21 de novembro de 2010

UNIFORMES CONTAMINADOS: O QUE FAZER?


Após um duro dia de trabalho, o operador (controlador de pragas), aquele profissional que passou várias horas trabalhando com um pulverizador à tiracolo, ainda tem mais uma questão a resolver: sua roupa de trabalho, a qual provavelmente estará contaminada com os inseticidas que utilizou durante a execução de seu serviço. Reutilizá-la no dia seguinte é impensável, pois exporá o operador a uma intoxicação via dermal de proporções impossíveis de serem previstas. Como descontaminá-la? Há alguma diferença entre os detergentes a serem empregados? Deve-se lavar a roupa respingada com inseticidas em água fria ou quente? Pode-se usar máquina de lavar roupa ou lavá-la à mão? Na verdade, o operador deve ser treinado quanto a essa questão da contaminação de seu uniforme, tentando minimizar essa ocorrência utilizando pulverizadores adequados e com boa manutenção, sem vazamentos, além de manejar corretamente o equipamento. Além disso, o operador deve trabalhar fazendo uso dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) tais como luvas de borracha, máscara nasal com filtro de carvão ativado (dentro da validade), boné de tecido impermeável ou capacete rígido, óculos industriais, guardapó de mangas longas, talvez um avental emborrachado (corretíssimo). Está bem... quase nenhum operador segue essas regras de segurança, nem quando a empresa os obriga a tanto! Resultado: uniformes contaminados todo dia.
Está cientificamente provado que a maioria das intoxicações por inseticidas ocorre não por inalação ou via oral, como muitos imaginam. Ocorre pela pele (via transcutânea) que absorve rapidamente partículas dos inseticidas, especialmente se a exposição for prolongada. Para um cidadão comum que não está em contato direto permanente com inseticidas domésticos, esse risco de intoxicação é mínimo, quase nulo. No entanto, o operador no exercício de seu trabalho, corre riscos bem mais consideráveis e, portanto, deve se preocupar com sua integridade física. A indústria busca constantemente biocidas cada vez de menor risco à exposição, mas ainda assim a contaminação das roupas de trabalho deve ser um item de preocupação constante para os profissionais operadores no controle de pragas.
Os uniformes dos operacionais devem ser trocados todos os dias após o trabalho e lavados, o que por si só já facilita a descontaminação. As roupas ou uniformes respingadas por inseticidas não devem ser misturadas com roupas comuns. As pesquisas demonstram que os resíduos dos inseticidas transferem-se das roupas contaminadas para outras roupas, quando lavadas juntas. Os uniformes usados devem sofrer uma prelavagem que ajudará a remoção das partículas de inseticidas absorvidas pelo tecido. Essa prelavagem pode ser feita da seguinte forma: colocar as peças contaminadas de molho em um recipiente a ser utilizado somente para esse fim, adicionar detergente ou sabão em pó e deixar por duas horas ou mais. Ou submeter as roupas à prelavagem em máquina de lavar roupa, que deverá conter somente os uniformes contaminados. A prelavagem é particularmente eficaz para desalojar as partículas entranhadas nos tecidos quando se usa inseticidas pós molháveis. Após a prelavagem, deve-se submeter as roupas a enxágues sucessivos em máquina de lavar ou manualmente de preferência em água quente, a qual dilata a trama dos tecidos facilitando a remoção dos inseticidas. Na lavagem dos uniformes pode-se usar qualquer tipo de detergentes ou saponáceos, domésticos ou industriais, carbonatados ou fosfatados, etc. Contudo, pesquisas demonstraram que os detergentes do tipo pesado, isto é, próprios para lavagens profundas, são melhores para remover inseticdas dos tecidos, especialmente se forem concentrados emulsionáveis, que é a formulação mais comum entre os inseticidas de uso profissional. Os concentrados emulsionáveis são formulações oleosas e os detergentes e sabões industriais possuem grande eficácia na remoção desses resíduos. Aditivos de lavanderia, como branqueadores (alvejantes) e especialmente produtos amoniacais, não ajudam na remoção de inseticidas. Todavia, se usá-los, jamais misture um alvejante com amoníaco, pois eles reagem entre si formando um perigoso gás: o cloro. A máquina onde as roupas de trabalho foram lavadas, deve sofrer um enxágüe extra sem nada dentro, fazendo uso de um bom detergente. Não enxugar os uniformes recém lavados em centrífuga, mas sim expô-los ao sol direto, pois a luz solar desativa (por fotólise) algumas partículas que porventura tenham neles restado. Felizmente uma boa porcentagem das empresas controladoras de pragas não só se encarrega da lavagem e descontaminação dos uniformes de seus operadores, trocando-os diariamente, como também fornece três ou quatro mudas completas para cada operador em exercício. Mas, querem saber? Há ainda uma boa parte delas que simplesmente manda que o operador lave seus uniformes em casa! É... é a nossa realidade!
Quando lavar as roupas respingadas por inseticidas, lembre-se:
• Não as misture com roupas comuns.
• Pratique a prelavagem manual ou à máquina de lavar roupas.
• Se por máquina, ajuste-a para lavar a quente (60°C), nível de água alto, ciclo normal (12 minutos).
• Use dois enxágues no mínimo.
• Use uniforme limpo e descontaminado todos os dias.
• Jamais reutilize uniforme usado sem lavá-lo.
• Seque os uniformes descontaminados de preferência ao sol direto.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ATAQUE DOS RATOS (RATS)


Adoro garimpar nas baciadas de ofertas de DVDs em supermercados! Dezenas e dezenas de DVDs a precinhos camaradas porque já estão fora de catálogo ou encalhados ou ultrapassados ou porque a tiragem foi excessiva. A maioria é porcaria, mas de vez em quando é possível caçar algum clássico, um Cult ou um daqueles filmes que povoaram minha infância e juventude. Nessas baciadas já encontrei preciosidades como alguns filmes de Stan Laurel & Oliver Hardy (os famosos O Gordo & O Magro), uma coleção completa do Flash Gordon (pouca gente vai saber do que estou falando), Os sete samurais (com o notável Toshiro Mifune), As férias de Monsieur Hulot (uma comédia em P&B impagável do fantástico mímico Jaques Tati) e algumas outras preciosidades que hoje compõem minha filmoteca muito particular, cinéfilo que sou assumidamente.
Estava eu garimpando, há dois dias, numa baciada nova e eis que me deparo com um DVD denominado “O ataque dos ratos” (Rats no original) a módicos R$ 8,60. Praticamente pulou na minha mão como se fosse movido por estranha energia. Comprei no ato, lógico, e na mesma noite fui assisti-lo. Trata-se de uma interessante produção alemã de 2003 em tela cheia e com boa definição de imagem. Embora com atores completamente desconhecidos, não chega a ser “trash” como eu imaginava. O enredo conta uma fantástica invasão de ratos (R.norvegicus) na cidade de Frankfurt onde uma série de eventos, incluindo a suspensão do programa municipal de controle de roedores por cortes no orçamento, conduz a uma super proliferação desses roedores nos esgotos da cidade e que, por falta de alimento, resolvem tomar a cidade de assalto. Para complicar, transmitem eles um vírus desconhecido de curso mortal para os humanos, através de sua saliva. Tem um mocinho (um bombeiro municipal), uma mocinha (que é médica) e a filha da mocinha que é mordida por um rato contaminado. Há vários coadjuvantes, entre eles outro bombeiro que é um expert em controle de roedores, o qual vai informando detalhes da biologia dos roedores à medida que a trama se desenvolve. Quaquilhões(*) de ratos pululam nos esgotos da cidade e em certos próprios municipais desocupados, agrupando-se para formar um exército invasor. Muito criativo o método criado pelo especialista para capturar um roedor a fim de nele prender um transponder localizador (GPS). O computador, na pós produção, criou milhões de ratos em cenas no mínimo curiosas.
Passei uma hora assistindo ao tal Ataque dos Ratos, comendo pipoca e tomando guaraná, fazendo comentários para mim mesmo, já que lá em casa sou o único que gosta desse tipo de tema!
Sim, final feliz e Frankfurt salvou-se mais uma vez.

Obs: (*) um quaquilhão era o tamanho da fortuna do Tio Patinhas, imensurável portanto! Revista em quadrinhos também é cultura.

domingo, 14 de novembro de 2010

AGORA JÁ SÃO 8.000 VISITANTES! É MOLE!!!!


De repente, 8.000 visitantes neste nosso blog! Como foi rápida a passagem de sete para as oito mil visitas! Menos de um mês. Não posso deixar de comemorar, coisa que faço a cada mil visitas a mais. Tenho também que registrar aumento das consultas na seção de Perguntas&Respostas rápidas, embora algumas perguntas não possam ser ali respondidas devido à extensão e abrangência das respostas. Quando posso, escrevo um post a respeito... quando posso. Não quero deixar de mencionar o aumento dos comentários sobre este ou aquele post; aliás, após cada post há uma chamada para que os leitores que quiserem comentar a matéria, ali o façam. Até hoje publiquei TODOS os comentários que foram enviados pelos leitores. Por alguma razão, às vezes recebo um comentário no meu endereço de e-mail e não no espaço do blog, razão pela qual deixo de publicar.
Mas, hoje estou “andando nas nuvens” em céu de brigadeiro! Feliz com a octiesmilésima visita (acho que pouca gente conhecia essa estranha palavra, não é?). Vou morrer sem saber falar corretamente essa incrível língua portuguesa!

DESCULPEM A DEMORA!


Estava trabalhando e não sobrou nem um tempinho para postar mais assuntos no blog nestes últimos dias. Estava prestando uma consultoria (em tempo praticamente integral) para uma empresa controladora de pragas que pegou um belo contrato fora de São Paulo e realmente não sobrava tempo para preparar um post. Mas, agora, depois das visitas a campo e dezenas de reuniões técnicas, posso pensar em algo interessante, relatórios à parte que tenho que redigir e entregar. Foi um desafio bem interessante e o pessoal dessa empresa se mostrou muito envolvido no processo de preparação do plano de trabalho.
Voltei!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

NOVO APOIADOR DO BLOG DO HIGIENE ATUAL

Recebemos, com grande prazer, mais um apoiador deste blog, a SERVER QUÍMICA LTDA, sediada em Marília/SP, um fabricante nacional bem sucedido de bons produtos desinfestantes. Tive a oportunidade de trabalhar lado a lado com o atual proprietário e Químico responsável da Server, Albertino Silva, que então respondia pela fabricação dos produtos distribuídos pela Novartis Saúde Animal, incluindo inseticidas e raticidas. Depois de tornar-se Diretor geral da NAH – Novartis Animal Health – Albertino desligou-se e foi trilhar seus próprios caminhos através da Server. Ali, implantou o que de melhor sabia fazer: reestruturar a empresa para produzir bicidas com alto teor de qualidade (para a própria Server e para terceiros). Ainda lutando com os problemas naturais do mercado, especialmente de distribuição, a Server participa com biocidas de reconhecida qualidade e vem conquistando de forma crescente um grande número de consumidores entre os profissionais controladores de pragas. Fico duplamente feliz por ter a Server como apoiador do blog. Primeiro porque conheço a maioria de seus biocidas e confio que produzirão os resultados desejados pelos profissionais que os utilizam. Aliás, desde que saí da indústria produtora em 2006, decidi que somente recomendaria aos colegas controladores, biocidas que eu pessoalmente tivesse testado e aprovado e assim tenho feito; portanto, se deixo de citar este ou aquele produto, pode ser porque ainda não os testei. E segundo, porque assim estreitamos os laços com a empresa que nos apoiou na publicação de nosso derradeiro Guia Técnico Operacional (O Manejo de Pragas em Estabelecimentos Alimentícios). Os leitores que se interessarem pela linha de biocidas da Server Química, basta clicar sobre o banner da empresa exposto na coluna de Parceiros no blog onde há um link automático que remete ao site dessa indústria produtora.
Bem vinda, Server Química.

sábado, 30 de outubro de 2010

E SEGUE A DISCUSSÃO SOBRE A RESPONSABILIDADE TÉCNICA SEGUNDO A RDC 52 – PARTE III


Vamos em frente nessa discussão. Em meu derradeiro post sobre esse tema, questionei, como questiono, o texto da RDC 52 (em vigor) que autorizou profissionais de nível médio a ocuparem o cargo de RTs por empresas controladoras de pragas sem explicitar ou definir quais seriam essas profissões, apenas dizendo que deveriam ser “devidamente habilitados” (meu comentário: o que significa isso?). Óra, onde está, neste Brasil cor de anil, a escola (reconhecida pelo MEC) que especializaria formalmente um profissional de nível médio nessa atividade de RT tão específica? Isso simplesmente não existe! Até esta data, não existe! Como pode uma resolução governamental, oficial e com valor de lei sobre o território nacional, exigir algo que “NÃO EXISTE”! Pitangas!
Vamos voltar a dar uma olhada no teor da RDC 52 que obriga a empresa especializada a ter um RT (louvável) e define o profissional que pode exercer essa função. Prepare-se porque aí vem mais encrenca! Diz a RDC 52:

Seção II : Da responsabilidade técnica
Art. 8º A empresa especializada deve ter um responsável técnico devidamente habilitado para o exercício das funções relativas às atividades pertinentes ao controle de vetores e pragas urbanas, devendo apresentar o registro deste profissional junto ao respectivo conselho.
§1° Considera-se habilitado para a atividade de responsabilidade técnica, o profissional que possua comprovação oficial da competência para exercer tal função, emitida pelo seu conselho profissional.

Portanto, com todas as letras, a RDC 52 está dizendo que o profissional deve possuir “comprovação oficial de competência emitida pelo seu conselho profissional”. Quer dizer, é o Conselho de cada profissão que doravante vai dizer se seus representados são categorizados para exercer as funções do RT. Está aí a base de um grande “imbróglio”, pois ninguém agora sabe quais são as profissões que supostamente podem assumir tais responsabilidades. Por conseqüência, qualquer profissão, de nível superior ou de nível médio, que tenha uma carta de habilitação profissional, ou equivalente, emitida pelo respectivo conselho profissional, poderá, ao rigor da lei, ser um RT.
Pela Constituição brasileira, é de se observar que nenhuma legislação estadual ou municipal pode se sobrepor a uma lei de âmbito federal. Essas legislações menores podem complementar a lei federal, exigir mais do que ela, mas não pode contraditá-la ou a ela se contrapor. De maneira nenhuma. Portanto, se o conselho profissional de uma dada categoria atestar que seus representados, em sua formação profissional, possuem os conhecimentos necessários e suficientes para exercer as funções de Responsável Técnico por empresas controladoras de pragas, nenhum órgão fiscalizador estadual ou municipal, por mais privilegiado que seja, pode dizer em contrário. Pura e simples assim! A menos, observem, que nesse Estado ou Município exista expressamente disposições legais explicitando condições impeditivas. Mesmo assim, como a RDC 52 é de âmbito federal, a questão admite discussão em juízo. Penso eu, que a tese é até bastante defensável para qualquer categoria profissional. Um bom advogado saberia dizer.
Por outro lado, as associações de classe dos profissionais controladores de pragas deveriam começar a se mobilizar para fazer luz sobre esse controvertido tema. Aliás, como já o fizeram com sucesso, resultando na RDC 20 que alterou a RDC 52 no que diz respeito à vizinhança da sede das empresas. Algumas associações (a do Rio de Janeiro, sempre muito atuante, é um bom exemplo) até já começaram a se mobilizar tentando algumas alternativas como cursos de certificação, saída já barrada por certos conselhos profissionais sob alegação que a própria formação já certifica suas categorias. Outra alternativa, seria criar junto a alguma Universidade, cursos a nível de pós graduação, mas a RDC 52 abriu a RT também para profissionais de nível médio, os quais não tem acesso a cursos de pós. Quer dizer, também não serve. Cursos de desenvolvimento e aperfeiçoamento para possíveis RTs podem ser interessantes, mas certamente não resolverão o problema.
A questão central continua sendo a completa falta de definição no texto da RDC 52 que, supostamente, deveria ter legislado de forma objetiva o exercício laboral do profissional controlador de pragas e das empresas que compõem o sistema.
Coisas do meu Brasil!
Por que simplificar, se podemos complicar?
Bom, moçada, essa é apenas minha opinião pessoal sobre tudo isso. Prego no deserto, eu sei.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MAIS SOBRE A RDC 52 QUE LEGISLOU SOBRE A RESPONSABILIDADE TÉCNICA


Em post anterior, discutimos a delicada (e complexa) questão dos RTs – Responsáveis Técnicos – por empresas controladoras de pragas. Em resumo, embora reconhecendo a intenção provável dos tecnocratas da Anvisa no sentido de “esclarecer” o tema, observei, ao contrário, que a RDC 52 veio tornar mais complexa a questão ao “abrir” a RT para virtualmente qualquer categoria profissional, bastando que seu respectivo Conselho Regional assim o declare! Se não, vejamos:
Inicialmente, observemos a definição exata que a RDC 52 deu ao termo Responsável Técnico em seu inciso X: - responsável técnico: profissional de nível superior ou de nível médio profissionalizante, com treinamento específico na área em que assumir a responsabilidade técnica, mantendo-se sempre atualizado, devidamente habilitado pelo respectivo conselho profissional, que é responsável diretamente: pela execução dos serviços; treinamento dos operadores; aquisição de produtos saneantes desinfestantes e equipamentos; orientação da forma correta de aplicação dos produtos no cumprimento das tarefas inerentes ao controle de vetores e pragas urbanas; e por possíveis danos que possam vir a ocorrer à saúde e ao ambiente;
Vamos examinar um pouco essa definição. Observem: a RDC 52 passou a admitir que o RT possa também ser de nível médio profissionalizante, enquanto anteriormente a lei só admitia profissional de nível superior. Como e por que essa mudança? Eu pessoalmente, questiono. A verdade é que as profissões que têm em seu currículo de formação os conhecimentos técnicos necessários aos respectivos profissionais a condição de poderem responder pela responsabilidade técnica de empresas controladoras de pragas, não são muitas. Que conhecimento seriam esses? Para começar, conhecimentos mais profundos sobre parasitologia (incluindo artrópodes e mamíferos considerados pragas), conhecimentos sobre toxicologia e sobre bioquímica; de quebra, conhecimentos sobre a biocenose e as relações entre os seres vivos que a compõem. Há outros conhecimentos necessários, mas vamos citar apenas aqueles. Quer dizer, já não são muitas as profissões que somam tais conhecimentos de forma abalizada e significativa. A RDC 52 não só deixou de definir quais seriam as profissões que somariam tais conhecimentos, como rebaixou o nível desses conhecimentos para a formação de técnicos de nível médio profissionalizantes! Óra, um curso de nível médio é o que o nome está dizendo: um curso de nível médio! Com todo o respeito que tais profissionais merecem, eles cursam dos 15 aos 18 anos de idade em média, seu curso profissionalizante. Pela RDC 52, já poderiam ser responsáveis pelas empresas controladoras de pragas que, sabidamente, são empresas cuja atividade laboral é de alto risco! Que lidam com produtos químicos de grande periculosidade, se utilizados em condições equivocadas. A pergunta é: será que um técnico de nível médio profissionalizante estaria realmente capacitado a enfrentar o dia a dia de uma empresa desinfestadora? E se um acidente ocorresse, teria ele condição de analisar o erro cometido e reverter o problema? E, por último, a RDC 52 igualmente não definiu quais as profissões de nível médio que estariam credenciadas para que seus respectivos profissionais possam ser RTs por empresa controladoras.
Não li em lugar nenhum ou ouvi as razões que levaram a comissão da Anvisa que criou a RDC 52, a reconhecer profissões de nível superior e profissões de nível médio como capazes de atuarem como RTs. Não entendi até hoje por que abrir esse credenciamento a qualquer (observem, eu disse qualquer) profissão, se devidamente autorizadas por seus respectivos conselhos regionais. Mas, já estamos nos estendendo demais para um único post (é que o assunto é realmente apaixonante!).
Mais adiante, retomamos, OK?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

7.000 VISITAS AO BLOG DO HIGIENE ATUAL. MAIS UMA FESTA!


Que beleza! Nada menos que 7.000 visitantes já acessaram o Higiene Atual. Por que comemoro a cada mil visitas?
Porque foi para isso que criamos este blog, foi para que tivéssemos um blog inteiramente voltado para o profissional controlador de pragas onde temas de interesse dessa classe pudessem ser expostos e discutidos. Para que discutíssemos temas corriqueiros e temas mais complexos ou polêmicos. Para que temas mais esquecidos, embora não menos importantes, pudessem ser lembrados e trazidos à tona. Enfim, apnas um fórum técnico para que o profissional desinfestador tivesse um blog de seu interesse.
7.000 visitantes me dizem que este blog veio em boa hora. Quase um ano depois de sua criação, o blog do Higiene Atual segue firme em sua trajetória, rumo ao décimo milésimo visitante. Aguarde só!
Muito obrigado.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

A COMPLEXA QUESTÃO DA RESPONSABILIDADE TÉCNICA (PELA RDC 52)


Complicado! Não era, mas conseguiram complicar e muito. Esse assunto da Responsabilidade Técnica por empresas controladoras de pragas já deu muito “pano pra manga” como se diz por aí e ainda vai dar muito mais, vocês vão ver!
No começo (eu falo de 30 a 40 anos atrás), não havia regras claras para definir quais seriam as categorias profissionais dos Responsáveis Técnicos (RT) pelas empresas controladoras de pragas, as quais, aliás, ainda não eram tão numerosas assim em nosso país. O Conselho Regional de Química saiu na frente e começou a exigir que essas empresas tivessem um químico como seu RT, alegando que só o químico saberia manipular os inseticidas concentrados de uso profissional, diluindo-os em água ou solventes (sic); o CRQ saiu intimando e intimidando a torto e a direito, chegando mesmo a aplicar multas pecuniárias às empresas recalcitrantes. Essa disposição não constava de nenhuma portaria, lei ou regra oficial da época e era resultante apenas da interpretação daquele CRQ que, obviamente, tentava legislar em causa própria. Em seguida, o CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – percebendo que também poderia disputar uma fatia desse bolo, igualmente começou a pressionar as empresas controladoras exigindo que o RT fosse um engenheiro agrônomo. Mas, não demorou muito para que as empresas controladoras de pragas percebessem que tais obrigações inexistiam e algumas outras categorias profissionais começaram a ocupar esse nicho laboral, como os biólogos e veterinários. Uma resolução oficial (RDC 18) veio, pela primeira vez, fazer luz no tema, nominando formalmente seis categorias profissionais como RT pelas empresas controladoras de pragas: engenheiros agrônomos e florestais, farmacêuticos, químicos, biólogos e veterinários. Entendiam os técnicos do Ministério da Saúde da época que, na formação acadêmica dessas categorias profissionais, eram ministrados conhecimentos tais que capacitariam o pleno exercício da responsabilidade técnica pelas atividades executadas por empresas controladoras de pragas. Não quero, e nem vou, discutir os méritos e deméritos dessa “compreensão” um tanto singular e cheirando a corporativismo. O fato é que, finalmente, havia regras para esse jogo, bastaria cumpri-las, certas ou erradas. Uma coisa ficou bastante clara, no entanto: a empresa controladora de pragas teria obrigatoriamente que ter um RT e que deveria registrar-se (ela, a empresa) no respectivo conselho regional ao qual pertenceria seu RT, naturalmente recolhendo certas taxas anuais a esse conselho. Belo butim, não? Então... era isso o tempo todo! Os conselhos regionais brigavam era por esse rico dinheirinho, afinal. Sem maiores comentários!
Seja lá como for, o fato é que surge mais uma vez, nova regra para o mesmo assunto. A 22/10/2009 foi baixada a Resolução RDC 52 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) do Ministério da Saúde, que dispõe sobre as atividades ligadas ao controle urbano de pragas e dá outras providências. Aqui mesmo neste blog já critiquei, e volto a fazê-lo, sobre certas disposições e impropriedades contidas nessa resolução, novamente fruto da cabeça de alguns tecnocratas do serviço público, destituídos, por força de seu mister, de conhecimentos mais profundos sobre o exercício privado da atividade laboral do controle de pragas. O resultado só poderia ser uma salada mista de coisas certas e coisas erradas com coisas dúbias, gerando confusão e perplexidade onde não acontecia. Sem tirar o mérito da RDC 52 que pretendia colocar regras na atividade das empresas controladoras de pragas, hoje muito numerosas no Brasil e sujeitas a diferentes legislações estaduais e até municipais, essa legislação de âmbito federal (e portanto se superpondo às leis e regras locais) tem várias abordagens e disposições bastante adequadas e ajudam bastante a nortear a atividade laboral do controle de pragas urbanas em nosso país. Minha crítica, fruto de minha opinião pessoal, se assesta sobre determinados itens da RDC 52 que não vieram ajudar positivamente a por a casa em ordem. Alguns desses itens vieram apenas confundir a cabeça do profissional controlador e até há itens que literalmente não podem ser cumpridos, como é o caso da tal “licença ambiental”, mas isso já é uma outra história que fica para uma outra vez. Aliás, e felizmente, um pouco de luz se fez e os tecnocratas reconheceram que não foram claros em um dos itens e corrigiram o erro baixando a 12/05/2010 a RDC 20 que veio alterar um único item da RDC 52.
Em próximo post, continuarei a dissecar esse tema, OK?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

PRESTENÇÃO MOÇADA: UM BAITA EVENTO ESTÁ CHEGANDO EM OURO PRETO/MG

A conhecida colega Ana Eugênia C.Campos, presidenta do evento, nos lembra que está se aproximando a 7ª ICUP - Conferência Internacional sobre Pragas Urbanas - que será realizada de 07 a 10 de agosto do ano que vem, em Ouro Preto/MG. Só no segundo semestre de 2011! Então por que a pressa?
Não é! A razão da pressa é que quem pretende apresentar algum trabalho técnico/científico nesse certame, vai ter que se apressar mesmo, pois o prazo para remessa do trabalho (que será examinado por uma comissão) encerra-se no próximo dia 02 de novembro. Os detalhes poderão ser lidos no site: www.icup2011.com
Essa conferência pretende reunir profissionais controladores de pragas de vários países e essa oportunidade é, a rigor, a primeira vez que os profissionais brasileiros terão acesso direto a colegas e pesquisadores estrangeiros, o que por si só já representa um ganho de conhecimentos notável e extremamente útil no exercício da profissão. Por outro lado, nossos colegas do exterior devem estar bastante curiosos quanto a nossos métodos e avanços técnicos.
Quem for, verá!

CONTROLANDO MOSCAS NAS INSTALAÇÕES – PARTE III








Nesta terceira parte do tema, podemos conversar um pouco sobre a eliminação profissional das moscas. Moscas (larvas e adultas) não são muito complicadas para eliminarmos, ainda que existam muitas linhagens que apresentam resistência a determinados grupos de inseticidas. Por falar nisso, vocês sabiam que as moscas estão entre os insetos que mais rapidamente desenvolvem resistência? Isso se deve à velocidade com que as sucessivas gerações surgem. Mas, de uma maneira geral, moscas adultas e larvas, como eu dizia, sucumbem rapidamente à aplicação de mosquicidas (caso não se trate de linhagens já resistentes). Além de alguns organofosforados e piretróides de última geração (Ex: azametifós, lambdacialotrina, bifentrina, etc) que, se aspergidos diretamente sobre as moscas (adultas ou larvas), podem ser eficientes, eis que finalmente surgiram os IDIs (Inibidores do Desenvolvimento de Insetos) e os IGRs (Inibidores do Crescimento de Insetos) e a maré mudou, para o nosso lado! Hoje, combatemos as formas jovens da mosca doméstica pulverizando um desses biocidas biorracionais no criadouro e somente as larvas das moscas são afetadas; seus inimigos naturais, não. Fantástico! Mais que isso, em granjas avícolas, por exemplo, há um desses compostos (ciromazina) que é misturado à ração das aves e o larvicida sai junto com as fezes das aves; quando a larva da mosca ingere essas fezes tratadas, não consegue mais se desenvolver e é eliminada.
A outra abordagem é o combate às moscas adultas. Mas, onde aplicar os mosquicidas que possam eliminá-las, já que estão espalhadas em toda parte? Então, temos que atraí-las de alguma forma para que se concentrem e possam ser eliminadas de forma significativa, a ponto de baixar sua população. Por sorte, há disponível no Brasil tanto bons mosquicidas iscas, à base de azametifós potencializado pela adição de um feromônio de atração sexual das moscas - Z9 tricosene, como de modernos neonicotinóides (thiametoxan e imidacloprid)que fazem um belo trabalho no controle de moscas adultas. Em forma de grânulos (maiores para iscas e menores para diluição em água), são fortemente atrativos para as moscas adultas. A formulação SG (Soluble Granules - grânulos solúveis)dissolvida em água e aplicados a pincel (ou pulverizados) sobre superfícies planas onde as moscas usualmente pousam, atraem (contêm açúcar) induzindo-as a lamber a calda, eliminando-as rapidamente. Molhando um barbante nessa calda e estendendo-o em uma área infestada por moscas, vai atrair e eliminar uma porção enorme delas.
Por falar nisso, há não muito tempo atrás, foi descoberto (depois de muitos estudos, naturalmente) que faixas vermelhas e amarelas pintadas alternada e diagonalmente sobre uma superfície plana, exercem uma forte atração em moscas adultas que para ali voam e se concentram. Daí, basta aplicar thiametoxan ou imidacloprid nessa superfície e vamos obter um grande e rápido efeito mosquicida. Aos painéis assim preparados, demos, há alguns anos atrás, o nome de “painéis papa-moscas” que foram amplamente testados em diferentes situações e mais que aprovados (granjas de aves e de suínos, haras, usinas de álcool e açúcar e lixões a céu aberto). Para que o leitor tenha uma melhor idéia do que estou falando, anexei uma foto de um desses painéis. Aliás, qualquer superfície plana ou cilíndrica, horizontal ou vertical, de qualquer tamanho, pintada dessa forma, vai funcionar como painel papa-mosca. Os painéis papa-moscas não estão disponíveis no mercado; portanto, quem quiser fazer uso desses excelentes artefatos para atrair moscas e eliminá-las, terá que produzí-los. Qualquer tamanho servirá (quanto maior, mais distante atuará como ponto de atração visual para as moscas). Estudos demonstraram que o maior poder de atração se verifica quando o painel é pintado em faixas diagonais (mais do que faixas horizontais ou verticais). O material desses painéis pode ser madeira compensada, taboas, PVC, lona, canos e conduítes de PVC, etc; evite usar placas metálicas porque ao sol se aquecem demasiado e as moscas evitam ali pousar. Simplesmente pintar paredes como painel papa-mosca, também funciona muito bem! Devem ser pendurados ou fixados na altura do vôo das moscas (normalmente entre 01 e 1,90m. Devem estar apoiados a paredes ou armações para evitar que balancem (as moscas não pousarão). Painéis de grandes dimensões (ex: uma placa inteira de compensado – 1,20 x 2,80m) devem receber orifícios esparsos para evitar que ventos mais fortes os derrubem.
É ver para crer!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O CARACOL GIGANTE COMO TRANSMISSOR DE VERMES NO BRASIL


O amigo Carlos Madeira, biólogo do Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo, minha ex casa onde trabalhei por um longo período de tempo e que me deixou fantásticas memórias, me enviou um trabalho científico publicado há pouco na Revista de Patologia Tropical (edição de julho/agosto deste ano), de autoria de Ana Paula Martins de Oliveira, da FIOCRUZ, e outros pesquisadores, que estudaram o papel do caracol gigante (Achatina fulica) no Estado de Goiás, como hospedeiro intermediário de certos helmintos, tornando-se assim, potencialmente perigosos para a espécie humana. Os autores isolaram de exemplares colhidos em diferentes regiões e municípios daquele Estado (Caldas Novas, Morrinhos e Bela Vista de Goiás), larvas de helmintos como Aerolustrongylus obstrusus, Rahbiditis sp, Strongyluris sp e de outros metastrongilídeos e fazem um alerta sobre o perigo potencial dos caracóis gigantes que, ao que parece, adaptaram-se muito bem a diferentes regiões de nosso país, transformando-se em mais uma praga para que nos preocupemos.

sábado, 16 de outubro de 2010

CONTROLANDO MOSCAS NAS INSTALAÇÕES – PARTE II


Em post anterior, começamos a falar sobre a mosca comum (Musca domestica) e seu controle, iniciando por comentar sobre o interessante controle não químico. Hoje, quero comentar algo sobre o controle químico (uso de mosquicidas) e especialmente sobre o controle biorracional (emprego de inibidores).
Então, começaremos pelo começo: a mosca (seja qual for a espécie) cresce pelo processo que chamamos de “metamorfose completa”, ou seja, ovo – larvas – pupa e adulto. As chamadas formas jovens (ovo, larvas e pupa) permanecem no substrato original onde os ovos foram colocados; a forma adulta, alada, espalha-se e pode ser encontrada onde houver alimento disponível. E de que a mosca doméstica se alimenta? A grosso modo, de qualquer coisa, embora tenha certas preferências.
Dito isso, vamos lembrar que o combate às moscas pode ser dividido em duas abordagens: o combate às formas jovens e o combate às moscas adultas. Nada a ver uma coisa com a outra, embora uma e outra possam conduzir a uma situação de controle. Melhores resultados: use as duas coisas, quando possível.
As formas jovens são combatidas nos próprios criadouros: matéria orgânica em decomposição onde haja liberação de amônia, como acontece com fezes (de aves, de suínos, de bovinos e equinos ou mesmo humanas) e lixo. A mosca fêmea adulta, depois de copular com um macho da espécie, matura seus ovos e no momento certo, os deposita em algum ponto mais úmido (pastoso) do substrato do criadouro. Em torno de 8 horas depois, os ovos já eclodem e liberam a primeira forma larval (há mais duas em sucessão, enquanto crescem e se desenvolvem). Para isso as larvas alimentam-se vorazmente da matéria orgânica do próprio substrato e vão transformando esse substrato em uma sopa grossa (ingerem sólido e defecam líquido), onde vão alojar-se e evitam inimigos naturais seus como certas aves, insetos e outros artrópodes predadores, muito comuns principalmente na zona rural. Poucos dias depois (3,5 dias em média), a larva III sai do substrato, procura um ponto seco do solo e transforma-se em pupa (uma espécie de barril fechado); nessa fase, não se alimenta mais. Outros dias mais (3 a 5dias), a pupa se abre liberando uma mosca adulta completamente formada e já com asas. Entre 16 e 30 horas após a saída dessa mosca adulta de seu pupário, ela estará pronta para acasalar e dar início a novo ciclo.
Portanto, é nesse substrato, nesse criadouro, que devemos combater as formas jovens quando ainda estão concentradas. Mais fácil do que combatê-las depois de adultas. Até não muito tempo atrás, coisa de uma ou duas décadas, o que se fazia era pulverizar inseticidas superficialmente nesse substrato. Matava as larvas e tudo o mais, incluindo os preciosos besouros (Carcinops troglodites) tão comuns na zona rural, que se alimentam de ovos de moscas (estamos falando de controle biológico, moçada), as espalângias (Spalangia spp), uma vespinha que destrói as pupas e um diminuto ácaro (Macrocheles muscadomesticae), ávido comedor de ovos de mosca (20 por dia). Resultado: nada de controle! Larvas mortas, inimigos naturais mortos, moscas adultas ovipondo, rápido crescimento populacional e nada para controlá-las. Não ia dar certo, como de fato não deu. A infestação decrescia, mas não resolvia. Estudos prosseguiram, o conhecimento avançou e o homem chegou finalmente à conclusão de que os inimigos naturais das moscas domésticas são indispensáveis no controle, coisa que a Natureza já havia percebido há milhões de anos atrás! Importantíssimos e devem ser preservados a qualquer custo se pretendermos efetivamente controlar as infestações das moscas comuns. Contudo, a evolução da civilização criou novas e notórias oportunidades para as moscas que passaram a se reproduzir em números absolutamente incontáveis. No campo, as granjas de criação intensiva de animais de produção econômica (suínos, aves, coelhos, gado confinado, etc) colocou-os em galpões aos milhares. A presença de ração proteinada somada à grande produção de fezes não adequadamente manejadas, deu às moscas tudo o que elas queriam. Nas cidades, o descaso do certos cidadãos com as questões elementares de higiene e asseio e mesmo a falta do conceito de cidadania, o manejo incorreto do lixo doméstico, comercial e industrial proveu às moscas, o alimento e o criadouro de que necessitavam. O desastre estava delineado: conforme o local, infestações muito pesadas de moscas domésticas (para não falar de outras espécies) são frequentemente encontradas e as medidas caseiras são incapazes de controlá-las eficazmente. Resta o controle profissional.
Cabe às empresas controladoras de pragas, a tarefa de indicar a seus contratantes, as medidas cabíveis preventivas e corretivas na área capazes de ajudar (e muito) para evitar os problemas causados pelas moscas infestantes. Cabe também, decidir qual, ou quais, as técnicas e os métodos químicos que empregarão nesse combate. Mas, aí reside o problema. Muitas empresas, e profissionais controladores de pragas, ainda acreditam que controlar moscas é como controlar baratas, por exemplo. Saem aspergindo inseticidas pelas paredes, pelos cantos, pelas frestas, etc. Sim, certo número de moscas mortas aparecerá, mas isso longe está do nível de controle. Aplicando um inseticida de contato em uma parede, por exemplo, nossa chance de abater uma mosca dependerá do acaso; só a eliminaremos se ela vier pousar na superfície tratada e ali permanecer por certo período de tempo (o suficiente para que moléculas do produto aplicado possam penetrar no corpo da mosca). Para um controle profissional, é pouco. A dica do combate eficaz às moscas adultas está na sua concentração. Temos que atraí-las e concentrá-las para que as possamos eliminar. Para nossa sorte, já existem biocidas que fazem exatamente isso: são formulações capazes de atrair e abater as moscas.
Mas isso será abordado na próximo bat-post, aqui mesmo neste bat-blog! Não perca!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

CONTROLANDO MOSCAS NAS INSTALAÇÕES – PARTE I


Como prometi aí da coluna de Perguntas&Respostas para os leitores Edson Correia e Rodrigo Leal, vamos comentar alguma coisa sobre o controle de moscas domésticas. O assunto é realmente vasto porque, se existe um inseto muito estudado, ao lado das baratas, é a mosca comum (Musca domestica). Sempre gostei desse tema e no laboratório produtor de biocidas em que trabalhei por 23 anos, me envolvi tecnicamente no estudo das moscas e dos produtos destinados ao seu controle. Aliás, como fiz com escorpiões e roedores, dois outros temas muito interessantes para mim. Sob o patrocínio daquele laboratório, tive até a oportunidade de escrever e publicar três manuais sobre essas pragas e que tiveram ótima aceitação na época. Eu disse que o assunto moscas é vasto e seria impossível em um blog discutir todos os aspectos do tema, razão pela qual vou apenas partir das perguntas que o Edson e o Rodrigo fizeram e comentar alguma coisa pertinente.
Combate químico ou combate mecânico? Os dois! Armadilhas mecânicas ou elétricas, redes, cortinas de vento, globos pega moscas, armadilhas colantes, todos têm seu lugar no combate a moscas. São dispositivos que se corretamente utilizados, podem fazer grande diferença para diminuir o número de moscas adultas infestantes no interior de uma instalação. Vamos ver alguns pontos desfavoráveis em cada uma delas, só como exercício. Aquelas armadilhas luminosas que fritam sumariamente as moscas, muito comuns em padarias da esquina, açougues do bairro, botecos e restaurantes, e mesmo em indústrias alimentícias, apresentam o inconveniente de literalmente explodir os insetos que tocam na grade eletrificada e partes de seus corpos caem aleatoriamente ao derredor; muito cuidado, portanto, aonde dispor tais aparatos. Por outro lado, nem sempre a tal da lâmpada ultravioleta, anunciada por alguns fabricantes como fator de atração para as moscas, são atrativas, pois podem ser simples lâmpadas pintadas de cor azul-violeta e não atraem porcaria nenhuma, puro engodo; só alguma mosquinha ainda jovem e sem experiência cai nessa! Melhor é empregar a armadilha colante que é bem parecida com a anterior, só que não eletrocuta nada e ninguém. Há uma série diversificada de fitas e fios colantes pega moscas que podem ser úteis, mas obrigatoriamente devem ser colocados expostos às moscas, mas à vista humana também, na maioria das vezes. Nem sempre um cordão repleto de moscas grudadas impressiona bem! As telas de nylon ou metálicas são formidáveis para impedir a entrada de moscas em portas e janelas, mas rompem-se com freqüência especialmente junto às estruturas de sustentação; essas rupturas podem passar despercebidas. Não pelas moscas. As cortinas de vento dispostas sobre o vão das portas são muito eficientes para impedir a passagem de moscas e outros voadores. Contudo precisam ser constantemente inspecionadas e reguladas para que nenhum ponto da passagem não esteja coberto pelo vento produzido pelo aparelho, pois será exatamente por ali que o desfile das moscas vai passar. Os notórios globos semirrepletos de moscas mortas e maceradas que atraem pelo forte odor de feromônios exalados dos cadáveres, têm o (grave) inconveniente de produzir um odor incrivelmente nauseabundo, fétido, horroroso que deve ser irresistível para as moscas. Afinal, tem gosto para tudo. Não podem por isso ser empregados em instalações (nem perto). Há ainda os “painéis papamoscas”, estes sim de grande eficácia, mas que vamos abordar no post seqüencial deste.
E tem o combate químico. Falo disso em um próximo post, porque este aqui já está virando uma epístola.